Um encontro histórico. Pela primeira vez o ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un, cruzou a zona desmilitarizada para se encontrar com o presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, na vila de Panmunjom. O cumprimento logo na chegada é um marco que abre a primeira cúpula dos dois países em 11 anos. Os países estão divididos desde a Guerra da Coreia (1950-1953). Os dois encontros anteriores, em 2000 e 2007, ocorreram sob o comando de Kim Jong-il, pai do atual ditador, e levaram presidentes do Sul à capital do Norte.
Após se cumprimentarem nesta quinta-feira (26), manhã de sexta-feira (27) na Coreia do Sul, Moon aceitou o convite de Kim e pisou brevemente no lado Norte da fronteira, sorrindo. Em seguida, ambos cruzaram para o lado Sul e se encontraram no corredor do complexo, que tem casas azuis usadas nas negociações intercoreanas, que marcou o cessar-fogo entre os países em 1953.
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Kim assinou o armistício histórico e deixou a seguinte mensagem: “A partir de agora, a nova história será na era da paz, uma nova história começa agora”. “Não vamos voltar atrás, vamos apenas olhar para o futuro”, afirmou Kim, que estava frente a frente com Moon e sob os olhos dos principais canais de notícias do planeta. “Vamos falar francamente de problemas e temas de interesse mútuo. Eu vim aqui com a sensação de que estamos na linha de partida da paz, da prosperidade e de uma nova era para as relações norte-sul.”
O presidente sul-coreano respondeu que eles devem chegar a um compromisso mútuo “ousado”. “Queremos dar um grande presente de paz ao nosso povo e à humanidade”, afirmou.
De acordo com a agência norte-coreana agência KCNA, Kim pretende “discutir de coração aberto com Moon Jae-in todas as questões com objetivo de melhorar relações intercoreanas e alcançar paz, prosperidade e reunificação da península coreana”.
Três horas antes, os dois haviam saído de suas respectivas capitais. Ao deixar a Casa Azul, sede do governo, Moon foi aplaudido por manifestantes favoráveis às negociações antes de percorrer os 60 km entre Seul e a divisa. Já o meio de transporte usado por Kim Jong-un para ir de Pyongyang a Panmunjom não foi divulgado.
A cúpula servirá de aquecimento para o encontro entre Kim Jong-un e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que deve ser realizado entre o final de maio e o início de junho e ainda não está confirmado.
Aproximação
Isolado e belicoso nos primeiros sete anos em que comandou a Coreia do Norte, Kim usou seu discurso de ano novo para mandar uma mensagem de aproximação na direção de Seul. Depois de falar em “reconciliação” e “reunificação”, ele sugeriu que seu país participasse da Olimpíada de Inverno realizada na Coreia do Sul.
A mensagem foi a senha que destravou a ofensiva diplomática de Pyongyang, que teve por alvo não apenas o Sul, mas também a China e os EUA. No dia 5 de março, Kim recebeu pela primeira vez uma delegação da Coreia do Sul, pela qual enviou um recado entregue a Trump três dias mais tarde: ele gostaria de se encontrar com o presidente americano. Para surpresa de seus assessores, o ocupante da Casa Branca aceitou na hora.
Ao mesmo tempo em que acenou com reconciliação com o Sul, o ditador manteve o tom belicoso perante a audiência doméstica, afirmou Eun A Jo, editora do Asan Institute, um dos principais centros de pesquisa da Coreia do Sul. Kim mudou o dia do desfile que celebra a fundação do Exército do Povo da Coreia para fazer com que ele coincidisse com a véspera de abertura da Olimpíada de Inverno. “O objetivo era projetar força dentro do país.” Mark Tokola, vice-presidente do Korean Economic Institute em Washington, disse que 2018 será um ano de grande peso simbólico para a Coreia do Norte, que celebrará 70 anos de sua fundação em setembro. “Acredito que até lá, Kim estará bastante conciliador”, opinou.
Caso as negociações com Trump avancem, elas poderão levar a uma radical transformação na maneira pela qual a Coreia do Norte interage com o mundo e os EUA, disse Scott Snyder, do Council on Foreign Relations.
Especialista em economia coreana da Universidade Georgetown e membro do Korean Economic Institute, William Brown ressaltou que Kim enfrenta uma crise do sistema de economia centralizada e planejada, abalado pela crescente expansão das forças de mercado. “Esse pode ser um ponto de inflexão que levará à mudança na natureza da economia norte-coreana.”
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