Carros transportam as vítimas do voo MH17, em Eindhoven| Foto: Remko De Waal/Efe

Ucrânia

Separatistas assumem responsabilidade por ataque contra caças

Agência Estado

Os separatistas pró-Rússia assumiram o ataque que derrubou ontem dois caças das forças armadas da Ucrânia, mas o governo de Kiev disse que continua acreditando que as aeronaves foram atingidas por mísseis antiaéreos disparados do território russo.

Os aviões foram derrubados em local dominado pelos rebeldes, perto da fronteira com a Rússia e a região onde caiu o avião da Malaysia Airlines na última semana. Uma mensagem assumindo a autoria do ataque foi publicada no perfil atribuído ao líder separatista Igor Strelkov em uma rede social.

Segundo as informações, os caças teriam sido atingidos por mísseis terra-ar MANPAD. Um vídeo publicado no mesmo site mostra os restos do que seriam os aviões militares.

As duas aeronaves estavam voando a uma altitude de cerca de 17 mil pés (5,2 mil metros) quando foram atingidas por fogo antiaéreo. As armas em poder dos rebeldes separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia não podem atingir alvos a essa altura, afirmam as autoridades do exército. O porta-voz das Forças Armadas da Ucrânia, coronel Andriy Lysenko, afirmou acreditar que o sistema de alta potência antiaérea supostamente usado pelos separatistas para derrubar o avião da Malaysia Airlines teria sido transportado de volta para a Rússia. Os separatistas não teriam então condições para derrubar os caças ucranianos.

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Cenário

Conflito ucraniano pode levar Europa a enfrentar estagnação, diz analista

Agência  Estado

Um aprofundamento da crise na Ucrânia poderia interromper o processo de recuperação da economia europeia em 2015, segundo o professor especialista em conjuntura econômica internacional da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Paulo Feldmann. Para ele, esse risco existe, mas é baixo. "Uma crise de maiores proporções na Ucrânia afetaria o fornecimento de gás natural à Europa. Isso poderia fazer com que o crescimento econômico europeu, estimado em cerca de 1,5% no próximo ano, recuasse a zero", diz Feldmann. "Creio que haverá sensatez entre as partes envolvidas para evitar que isso aconteça." Em sua avaliação, os presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Barack Obama (EUA), além das autoridades europeias, manterão o diálogo e encontrarão um meio de apaziguar a situação. "Mesmo com as sanções à Rússia, não creio que a crise se intensificará. Isso seria pior para todas as partes. Putin está tentando se mostrar um grande estadista e um aprofundamento desse conflito só prejudicaria sua imagem", diz Feldmann.

Sanções

A Casa Branca vai enfrentar uma decisão difícil dentro de alguns dias se os líderes russos não atenderem às demandas internacionais de ajuda para acabar com o conflito na Ucrânia. O governo Obama está disposto a ampliar as sanções econômicas contra empresas russas, incluindo mais companhias à lista divulgada na semana passada e restringindo relações com empresas dos EUA.

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Etapas

Na primeira fase, os corpos são fotografados, passam por raios X e são colocados num caixão lacrado e numerado para ser enviado à Holanda, onde então começará a segunda fase, a do processo de identificação de cada um. Entre os peritos está o brasileiro Carlos Eduardo Palhares, do Grupo Especializado em Identificação de Vítimas de Desastres, da Polícia Federal. Ele integra o grupo da Interpol.

40 corpos teriam sido transportados ontem para a Holanda. No dia anterior, cerca de 200 foram levados de trem da cidade de Torez, região onde caiu o avião da Malaysia Airlines, para Kharkov, ambas em território ucraniano. O trabalho de análise envolve peritos holandeses, alemães, malaios e representantes da Interpol, a polícia internacional.

Quarenta corpos de vítimas do voo MH17, da Malaysia Airlines, derrubado sobre o leste da Ucrânia na semana passada, chegaram ontem a uma base militar em Eindhoven, na Holanda.

No primeiro dia nacional de luto desde a morte da rainha Wilhelmina, em 1962, sinos tocaram e bandeiras foram hasteadas a meio mastro.

Duas aeronaves militares transportaram 40 caixões de madeira sem adornos. Depois de um minuto de silêncio, observado em estações, fábricas, escritórios e ruas em todo o país, soldados levaram os caixões até carros funerários enfileirados na pista.

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Familiares de algumas das vítimas estavam presentes no aeroporto, mas foram mantidos longe da atenção da mídia.

Milhares de pessoas se reuniram ao longo do trajeto de 100 quilômetros, observando o cortejo de Eindhoven até a base militar de Hilversum, onde os corpos permanecerão até poderem ser identificados, uma tarefa que pode levar meses.

Durante a passagem dos carros fúnebres, motoristas pararam espontaneamente e observaram em silêncio do acostamento.

Alguns atiraram flores na direção dos veículos.

Caixas-pretas do Boeing 777 estão "intactas"

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Folhapress

O Departamento Holandês de Segurança informou ontem que estão "intactas" as caixas-pretas do Boeing 777 da Malaysia Airlines que caiu na última quinta-feira na região de Donetsk, no leste da Ucrânia. O avião seguia de Amsterdã para Kuala Lumpur com 298 passageiros, que morreram na queda.

A hipótese mais provável é que a aeronave teria sido derrubada por um míssil antiaéreo disparado por separatistas pró-Rússia.

Os equipamentos, que registram conversas na cabine e dados técnicos da aeronave, foram recolhidos pelos separatistas que controlam a área da tragédia e entregues a autoridades malasianas. Em seguida, foram entregues aos holandeses.

Dados

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Segundo os inspetores do país, os dados foram baixados e contêm informações válidas sobre o voo. O registro de dados do avião será enviado para análise ao Escritório Britânico de Investigação de Acidentes da Aviação.

No local, 24 inspetores de oito países e da Organização da Aviação Civil Internacional tentarão usar as informações para determinar as causas do acidente. A investigação será comandada pela Holanda.

A Ucrânia alega ter gravações em que rebeldes separatistas admitem ter atingido o avião de passageiros. Analistas dizem que eles teriam feito isso "por engano".

Líder rebelde diz ter sistema antiaéreo

Reuters

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Um poderoso líder rebelde ucraniano confirmou que os separatistas pró-Rússia têm mísseis antiaéreos do tipo que os Estados Unidos dizem ter sido usados para derrubar o avião da Malaysia Airlines na semana passada.

Em entrevista à Reu­­ters, o comandante do Bata­­lhão Vostok, Alexander Khoda­­kovsky reconheceu, pela pri­­meira vez desde que o avião foi derrubado no leste da Ucrânia na quinta-feira da semana passada, que os rebeldes possuem o sistema de mísseis BUK.

Ele ainda insinuou que o BUK pode ser originário da Rússia e que teria sido enviado de volta para eliminar provas na região do incidente.

Antes da derrubada do avião da Malásia, os rebeldes haviam se vangloriado de obter os mísseis BUK, que podem abater aviões de passageiros em altitude de cruzeiro.

Mas, desde o desastre, o principal grupo de separatistas, a autoproclamada República Popular de Donetsk, nega ter acesso a tais armas.

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Desde a queda da aeronave, que matou todas as 298 pessoas a bordo, a grande polêmica é quem disparou o míssil que abateu o avião em uma área onde as forças do governo combatem os rebeldes pró-Rússia.

Khodakovsky culpou as autoridades de Kiev por provocarem o que pode ter sido o ataque de míssil que derrubou o avião, dizendo que Kiev lançou ataques aéreos deliberados na área sabendo da presença dos mísseis no local.

"Na ocasião me disseram que um BUK vindo de Luhansk estava chegando sob a bandeira da LNR", disse o comandante, referindo-se à República Popular de Luhansk (LNR, na sigla em inglês), principal grupo rebelde da cidade de Luhansk.