François Hollande e Nicolas Sarkozy variaram seu discurso neste sábado (28) para buscar o apoio dos 3,2 milhões de eleitores que o centrista François Bayrou obteve no primeiro turno, enquanto até agora tinham se centrado no eleitorado da ultradireitista Marine Le Pen.
Embora Bayrou tenha recebido a metade dos votos de Le Pen, os dois candidatos responderam a carta enviada pelo centrista, que na próxima quinta-feira deve revelar sua preferência por um dos dois candidatos que disputam o Eliseu no segundo turno no dia 6.
Tanto o presidente em exercício quanto o candidato socialista, favorito das pesquisas, ressaltaram os pontos comuns de seu programa com o de Bayrou e apontaram as diferenças de seu rival.
Sarkozy colocou ênfase em sua intenção de inscrever na Constituição a regra do equilíbrio orçamentário, ponto que compartilha com Bayrou, mas não com Hollande, que se conformou em destacar sua intenção de controlar o gasto público.
O presidente em fim de mandato não se cansa de repetir que o eleitorado de Bayrou pertence a sua família política e lembra que os dois se sentaram juntos no Conselho de Ministros no início dos anos 90.
O candidato conservador destacou sua intenção de alcançar o déficit zero em 2016, um ano antes que seu rival socialista.
Hollande, por sua parte, defendeu alguns dos pontos de seu programa que foram atacados por Bayrou no primeiro turno, mas indicou que também recomenda o equilíbrio das contas, embora não proponha inscrevê-lo na Carta Magna.
O candidato socialista destacou que sua reforma tributária persegue "restabelecer o equilíbrio entre cidadãos e devolver ao Estado os recursos dos quais foi privado em benefício de interesses particulares", em uma clara referência às medidas adotadas por Sarkozy, segundo o socialista, em favor dos mais ricos.
Hollande também aproveitou o dia para reiterar sua intenção de renegociar o tratado europeu de estabilidade apesar da oposição da chanceler alemã, Angela Merkel.
Em entrevista radiofônica, o candidato socialista afirmou que a perspectiva de sua vitória já fez mudar a posição da chanceler, que "mudará mais" após as eleições.
Hollande se referiu às declarações de Merkel sobre uma nova "agenda do crescimento", uma mudança para o candidato socialista, para quem até agora a chanceler só falava de austeridade.
"Há semanas ela nem sequer queria ouvir falar da palavra crescimento. Mas se movimentou e se movimentará ainda mais depois das eleições", disse Hollande.
Na negociação, Merkel não poderá ser intransigente em temas como "o status do Banco Central Europeu, os eurobonos ou a taxa sobre as transações financeiras", acrescentou.
Já Sarkozy fez um comício em Clermont-Ferrand, no centro da França, onde aproveitou para contestar o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, que lhe acusou de estar por trás das acusações que pesam contra ele.
"Respeito profundamente a presunção de inocência, mas quando uma pessoa está acusada do que ele está acusado, é preciso ter um mínimo de dignidade e de pudor para se calar e não acrescentar ainda mais indignidade", afirmou Sarkozy, que pediu a Strauss-Kahn explicação perante a justiça.
Em entrevista publicada neste sábado pelo jornal "The Guardian", o ex-responsável pelo FMI atribuiu o escândalo que destruiu sua candidatura à Presidência da França a inimigos políticos vinculados a Sarkozy e à governante União por um Movimento Popular (UMP).
O presidente em fim de mandato, no entanto, não se referiu à publicação de um documento que indica o apoio do líder líbio Muammar Kadafi no financiamento de sua campanha presidencial em 2007.
Sua porta-voz, Nathalie Kosciusko-Morizet, considerou a acusação "grotesca", enquanto os socialistas pediram a abertura de uma investigação.