Um homem-bomba matou 70 pessoas na terça-feira em Bagdá, horas antes de o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, realizar uma teleconferência com seus comandantes no Iraque para discutir alterações na política de ocupação.

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Uma importante fonte da Casa Branca disse que Bush, sob crescente pressão para retirar as tropas do Iraque, deve adiar até o começo de janeiro a apresentação de sua nova estratégia para a guerra, ao invés de divulgá-la ainda antes do Natal, como originalmente planejado.

O principal comandante operacional dos EUA no Iraque, general Peter Chirarelli, disse antes de conversar com Bush por teleconferência que os soldados norte-americanos deveriam permanecer até que as forças iraquianas estejam prontas para controlar a situação.

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``Não podemos ceder a terroristas. Como poderemos permitir que isso ocorra? Esse é o conflito mais importante em que nos envolvemos nos últimos 50 anos'', afirmou Chiarelli a jornalistas em Bagdá.

Ele ressaltou, porém, que o foco não deve ser exclusivamente militar, pois há outras questões importantes para acabar com o conflito, como a criação de empregos e a reconciliação das facções religiosas.

ATENTADO EM BAGDÁ

Fontes do Ministério do Interior disseram que 236 pessoas ficaram feridas na explosão que matou 70 pessoas, ocorrida depois que o homem-bomba atraiu uma multidão de trabalhadores para seu veículo com a promessa de trabalho.

O atentado ocorreu às 7h (2h em Brasília) na praça Tayaran, local onde costumam se concentrar carpinteiros, encanadores, pedreiros, pintores e outras categorias em busca de trabalho. Muitos trabalhadores que frequentam os bares e camelôs da região são xiitas pobres.

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``Um motorista em uma picape parou e perguntou por trabalhadores. Quando eles se reuniram em volta do carro, explodiu'', disse uma testemunha, que ajudava um sobrevivente com a cabeça ensanguentada. ``Eles eram trabalhadores pobres procurando trabalho. Os pobres deveriam ser protegidos pelo governo'', queixou-se a testemunha.

O primeiro-ministro Nuri Al Maliki, xiita, atribuiu o ''horrível massacre'' a seguidores de Saddam Hussein e ao grupo sunita Al Qaeda.

Em Mosul (norte do Iraque), um cinegrafista da Associated Press Television News (APTN) foi morto durante confrontos entre as forças iraquianas e supostos militantes, segundo a agência de notícias e a polícia iraquiana.

O iraquiano Aswan Lutfalla, 35 anos, pai de dois filhos, estava em uma oficina mecânica para consertar seu carro e aparentemente foi alvejado de propósito quando tentava gravar imagens do incidente.

Ahmed Sami, chefe da APTN em Bagdá, disse à Reuters que Lutfalla havia substituído um cinegrafista da agência que morrera numa explosão em Mosul em abril de 2005.

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BUSH PREPARA PLANO

A conversa de Bush com os generais é parte de uma semana dedicada a avaliar opções para o Iraque. Ainda na terça-feira, o presidente se reúne com o vice-presidente iraquiano Tareq Al Hashemi, sunita. Na quarta-feira, Bush visita o Pentágono. Na segunda-feira, ele já havia se reunido com a secretária de Estado Condoleezza Rice e com outros diplomatas de primeiro escalão.

Uma semana depois de o presidente receber 79 recomendações de uma comissão bipartidária a respeito do Iraque, Bush não parece entusiasmado com as principais sugestões e prepara seu próprio plano.

O relatório bipartidário propõe negociações diretas com Irã e Síria e a retirada das tropas de combate dos EUA até o começo de 2008. Bush não parece disposto a aceitar nenhuma dessas recomendações.

Segundo a pesquisa USA Today/Gallup publicada na segunda-feira, 62 por cento dos entrevistados, um recorde, acham que a guerra ``não valeu a pena'', e só 16 por cento, número mais baixo já registrado, acham que os EUA estão ganhando. A mesma pesquisa mostrou que 55 por cento querem a saída das tropas dentro de um ano.

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