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Homem chegou à América em apenas uma onda migratória, diz estudo

Na imagem, o fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas, apelidado de ‘Luzia’ | /Reuters
Na imagem, o fóssil humano mais antigo encontrado nas Américas, apelidado de ‘Luzia’ (Foto: /Reuters)

Uma pesquisa publicada esta semana pela revista “Science” apresenta uma nova descrição da chegada do homem às Américas. Usando dados de genomas antigos e modernos, uma equipe internacional de cientistas concluiu que os ancestrais dos americanos nativos, incluindo ameríndios, chegaram ao Novo Mundo a partir da Sibéria em apenas uma onda migratória, no máximo 23 mil anos atrás.

A divisão ancestral em dois ramos principais ocorreu há 13 mil anos, coincidindo com o derretimento das geleiras e a abertura de rotas para o interior da América do Norte. Daí surgiram dois grupos: o dos ameríndios e outro nativo do Alasca. Pesquisas anteriores afirmavam que a travessia de ambos os povos ocorreu separadamente.

“Nosso estudo apresenta o quadro mais abrangente da pré-História genética das Américas”, conta Maanasa Raghavan, bióloga molecular da Universidade de Copenhague, integrante do grupo de 101 pesquisadores envolvidos no estudo. “Mostramos que todos os nativos americanos, incluindo os subgrupos dos ameríndios e os ancestrais da população moderna do Alasca, vieram em uma mesma onda migratória para as Américas”.

Isolamento na Beríngia

Segundo Maanasa, este movimento foi distinto das ondas seguintes, que deram origem aos paleoesquimós e às populações inuits, que se espalharam pelo Ártico.

Considerando que as primeiras evidências da presença de seres humanos nas Américas datam de cerca de 15 mil anos atrás, os primeiros antepassados podem ter permanecido na Beríngia, a ponte terrestre que ligava o Alasca e a Sibéria, por cerca de oito mil anos, antes de finalmente chegarem ao Novo Mundo. Trata-se de um período muito menor do que as dezenas de milhares de anos de isolamento descritas em pesquisas anteriores.

A diversificação das populações modernas ocorreu apenas depois que chegaram às Américas.

Os pesquisadores fizeram o sequenciamento do genoma de 31 pessoas vivas — nativos americanos, siberianos e pessoas que vivem próximo ao Oceano Pacífico — e de 23 indivíduos que viveram no Sul e no Norte do continente entre 200 e seis mil anos atrás.

Professor da Universidade da Califórnia em Berkeley, Yun Song destaca que novas amostras de material genético podem determinar o momento exato da divisão entre as populações no continente.

“Há alguma incerteza sobre as datas da migração e a diferenciação entre os povos ameríndios do Norte e do Sul das Américas. No entanto, à medida que outros genomas antigos são sequenciados, seremos mais capazes de obter datas precisas sobre os momentos da migração”, explica.

Mistura de genes

Os pesquisadores se surpreenderam com as amostras estudadas dos nativos americanos. Nelas havia uma pequena mistura de genes encontrados em povos da Ásia Oriental, de caçadores-coletores do Sudeste Asiático e de populações da região da Melanésia, no Oceano Pacífico, em localidades dos atuais Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão.

“As populações do Novo Mundo não estavam completamente isoladas do Velho Mundo após sua migração inicial”, destaca Eske Willerslev, pesquisador da Universidade de Copenhague. “Não podemos dizer exatamente como e quando esse fluxo genético aconteceu, mas uma possibilidade que consideramos é a de que veio por povos que viviam na costa do Alasca”.

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