Origem
Instituição de ensino integra rede voltada para judeus
A escola judaica atacada na França pertence à rede Ozar Hatorah, com raízes na diáspora de judeus do Oriente Médio. A instituição foi criada em meados da década de 1940, por iniciativa de um judeu sírio que, na esteira do Holocausto nazista, queria melhorar a situação das comunidades judaicas do Oriente Médio e norte da África. O nome significa "Tesouro da Torá".
O fundador da rede Ozar Hatorah, Isaac Shalom, abriu unidades em países como Marrocos, Irã, Líbia e Síria, numa resposta a condições educacionais que ele considerava desastrosas.
Com a criação de Israel, em 1948, toda a região mergulhou num período de guerras e tumultos, e a Ozar Hatorah seguiu então os passos da diáspora, abrindo escolas na França a partir do final da década de 1960, para atender os judeus norte-africanos que atravessavam o Mediterrâneo para fugir das tensões regionais. Há atualmente mais de 30 mil alunos matriculados em escolas judaicas da França, segundo a entidade franco-judaica Crif. O número de matrículas se mantém estável desde 2005.
Reuters
O assassinato de quatro pessoas, incluindo três crianças, em uma escola judaica de Toulouse, no sul da França, tomou de assalto a campanha presidencial francesa, a poucas semanas do primeiro turno eleitoral. O crime ocorreu por volta das 8 h locais, quando os pais deixavam os filhos na escola.
Segundos relatos da polícia e de testemunhas, um homem de capacete se aproximou da escola Ozar Hatorah numa moto e disparou indiscriminadamente contra quem estava na entrada. Pelo menos 15 tiros foram dados.
Foram mortos o rabino Jonathan Sandler, 30 anos, que ensinava na escola, seus dois filhos, de 3 anos e 6 anos, e uma terceira aluna, de 8 anos. Um rapaz de 17 anos ficou seriamente ferido. O atirador fugiu na moto.
"Esse homem saltou da moto e, do lado de fora da escola, atirou contra todos que estavam perto dele, crianças ou adultos. Crianças foram perseguidas dentro da escola", disse o promotor Michael Valet, de Toulouse.
A polícia francesa vê ligações entre o crime de ontem e dois episódios anteriores. O primeiro foi em 11 de março, em Toulouse, quando um homem numa moto matou um soldado. No último dia 15, na cidade vizinha de Montauban, um homem também numa moto disparou contra três soldados uniformizados num caixa eletrônico, matando dois deles.
Segundo as autoridades, a mesma pistola calibre 45 e a mesma moto roubada foram usadas nos três casos.
Porém, as vítimas anteriores eram muçulmanas e oriundas do norte da África e do Caribe o que fez com que muitos pensassem se tratar de crimes ligados a minorias, e não apenas contra judeus.
Uma equipe de 120 policiais foi destacada para investigar a onda de crimes. A segurança foi incrementada nas escolas religiosas e em prédios ligados às religiões islâmica e judaica.
Candidatos
O presidente Nicolas Sarkozy, que tenta a reeleição apostando em um discurso centrado na ordem pública e repressão à violência, interrompeu todos os eventos de campanha até quarta, e se dirigiu ao local do crime.
Sarkozy qualificou o ataque como ato terrorista e disse que a motivação antissemita era "evidente".
"O dia de hoje é uma tragédia nacional porque crianças foram mortas a sangue frio", disse Sarkozy, em Toulouse.
O candidato da oposição, o socialista François Hollande, também parou a campanha. Debates na tevê foram cancelados. O primeiro turno é em 8 de abril.
Brasil condena ato de violência
O governo brasileiro repudiou ontem o ataque a tiros à escola judaica Ozar Hatorah, na cidade de Toulouse, no sudoeste da França.
"Ao manifestar seu pesar e solidariedade às famílias das vítimas, o governo brasileiro reitera sua condenação a atos de violência praticados sob quaisquer pretextos", informa o comunicado, emitido pelo Gabinete da Presidência da República.
Mais cedo, a Confederação Israelita do Brasil havia condenado o ato em comunicado, em que manifestou "sua mais profunda indignação", afirmando que é "inadmissível um ato de tamanha violência e covardia".
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, classificou a ação de "assassinato odioso de judeus".
A Autoridade Palestina, através de seu negociador Saëb Erakat, demonstrou indignação com o ataque.
O Vaticano manifestou "profunda indignação, horror, e expressou sua condenação mais firme". "O atentado de Toulouse contra uma escola e três crianças judias é um ato horrível e desprezível", declarou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, ressaltou que "nada é mais inaceitável do que morte de crianças inocentes".
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