O homem que tentou matar o papa João Paulo II há quase 30 anos deixou nesta segunda-feira (18) uma prisão da Turquia, onde cumpria pena por outros crimes. Antes, ele havia passado 19 anos em uma prisão italiana, até ser perdoado por iniciativa do próprio pontífice.
Mehmet Ali Agca, de 52 anos, divulgou por meio de seus advogados uma nota manuscrita que desperta novas dúvidas sobre sua sanidade mental. "Proclamo o fim do mundo", declarou. "Todo o mundo será destruído neste século. Todo ser humano irá morrer neste século", acrescentou, assinando-se "O Cristo Eterno Mehmet Ali Agca".
Após ser solto, Agca foi levado a um hospital militar onde seria submetido a exames que decidiriam se ele poderia ou não prestar serviço militar. Seus advogados preveem que ele será isentado por razões psicológicas, além de estar muito acima da idade habitual de alistamento.
As motivações para o atentado cometido por Agca em 1981 na praça de São Pedro, no Vaticano, ainda são misteriosas. Muitos acreditam que ele agiu a mando de regimes comunistas do leste europeu, alarmados pela oposição do pontífice polonês a essa ideologia.
Em nota divulgada na semana passada, Agca prometeu responder nas próximas semanas às dúvidas sobre o atentado, inclusive sobre o eventual envolvimento soviético ou búlgaro.
O atentado feriu o papa na mão, no braço e no abdome. João Paulo II (1920-2005) visitou Agca dois anos depois em uma prisão italiana e o perdoou.
Agca diz que pretende visitar o túmulo de João Paulo II em Roma e se encontrar com o sucessor dele, Bento 16.
"Ele cumpriu pena de prisão de modo que agora é um homem livre de acordo com a lei. Torçamos para que também seu coração tenha mudado", disse o arcebispo Ennio Apignanesi. "Talvez ele venha a Roma. O papa foi duas vezes perdoá-lo. Agora ele pode vir e fazer uma oração."
Agca deixou a prisão em um comboio de quatro carros com vidros escuros, mas foi visto acenando ao entrar em um dos veículos dentro da penitenciária. Em frente ao local, havia cerca de 25 admiradores e uma banda, mas a maior aglomeração era de jornalistas.
Devido a uma confusão sobre as penas que ele cumpria - inclusive pelo assassinato de um jornalista em 1979 - Agca chegou a ser libertado em 2006, mas voltou a ser preso dias depois, por decisão da Suprema Corte turca.
Agca agora busca uma editora interessada na sua história.