Gisèle Pélicot chegando no sétimo dia do julgamento contra seu ex-marido Dominique Pélicot, acusado de drogá-la e estuprá-la durante anos junto com dezenas de homens| Foto: EFE/ Edgar Sapiña Machado
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Jean-Pierre Maréchal, o homem que imitou os métodos de Dominique Pelicot de drogar a esposa para poder estuprá-la inconsciente e oferecê-la para ser abusada, admitiu ser um "estuprador criminoso".

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"Lamento pelos meus atos, amo a minha esposa", disse Maréchal em seu depoimento no julgamento em Avignon (sudeste da França), no qual é acusado, juntamente com Dominique Pelicot e outros 49 homens, de estuprar a esposa, Gisèle, sob a influência de ansiolíticos.

Maréchal é acusado não de estuprar Gisèle Pelicot, mas a própria esposa, Cilia, a quem ele administrou drogas que a fizeram dormir uma dezena de ocasiões entre 2015 e 2020, seguindo as instruções de Dominique Pelicot, que participou com ele dos abusos.

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Ele insistiu que merece a prisão porque é "um estuprador criminoso" que cometeu "atos horrendos" e pediu perdão.

"Eu fiz algo errado com minha esposa, é muito sério", respondeu ele quando questionado sobre as declarações feitas durante a investigação, nas quais afirmou que merecia prisão perpétua, apesar das acusações contra ele serem de no máximo 20 anos.

O imitador de Pelicot contou que o conheceu em uma plataforma re relacionamento, agora fechada devido a vários crimes que foram descobertos, e que ele se conectou "por acaso" quando estava consultando sites pornográficos e uma janela pop-up chamou sua atenção.

De acordo com seu relato, Dominique Pelicot lhe propôs que fosse estuprar Gisèle, o que ele recusou com o argumento de que não poderia estuprar uma mulher que não fosse sua. Então, em uma conversa entre os dois, quando seu interlocutor descobriu que ele tinha uma esposa, o convenceu a drogá-la para que pudesse abusar dela.

"Se eu não tivesse conhecido Dominique Pelicot, nunca teria cometido o ato", declarou Maréchal.

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Ambos reconheceram na audiência que transmitiram ao vivo vídeos de estupros que cada um havia gravado por conta própria.

Das cerca de dez vezes em que Maréchal drogou sua esposa, em apenas quatro ou cinco vezes os ansiolíticos tiveram um efeito forte o suficiente para deixá-la inconsciente a ponto de permitir que ele abusasse dela, de acordo com seu relato, porque ele tinha "medo de exagerar na dose".

Essas práticas pararam um dia, quando Dominique Pelicot estava na casa de Maréchal para abusar de Cilia e ela acordou, relatou.

Jean-Pierre Maréchal inventou várias desculpas sobre a presença daquele estranho em seu próprio quarto que não a convenceram, mas a mulher não foi além e, mesmo depois que tudo foi descoberto, ela não quis denunciá-lo e constituir uma acusação particular, como fez Gisèle Pelicot.

Dominique Pelicot foi preso em setembro de 2020, inicialmente por filmar mulheres sob suas saias em um supermercado em Carpentras.

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Ele então pediu a Maréchal que apagasse as imagens que havia gravado dos estupros de Cilia. No entanto, Dominique Pelicot não quis destruir as centenas de vídeos e fotos que guardava dos estupros de Gisèle - ele os guardou como "provas", disse ele, e que mais tarde, quando a polícia apreendeu o material em um disco rígido, formaram a espinha dorsal do caso da acusação neste julgamento.

Gisèle Pelicot deve prestar depoimento nesta tarde ou na quinta-feira perante o Tribunal Criminal de Vaucluse, depois de seu ex-marido (o divórcio foi finalizado em agosto), que também admitiu todos os fatos dos quais foi acusado.

Também nesta quarta-feira (18), as imagens gravadas por Dominique Pelicot do abuso de Gisèle puderam ser exibidas pela primeira vez na audiência, sujeitas à presença de advogados que estavam ausentes pela manhã.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]