A morte de Zilda Arns repercutiu ontem em todo o país. Uma unanimidade rara no Brasil e referência mundial pelo seu trabalho no campo social, Zilda foi homenageada por amigos, políticos, empresários e várias autoridades brasileiras. "Morreu em missão, assim como viveu toda a sua vida", resumiu o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.
O presidente Lula afirmou ter ficado "absolutamente chocado" com a morte de Zilda, "uma pessoa de grande projeção no país". Ele decretou luto oficial de três dias no país.
Aos 88 anos e com a saúde bastante debilitada, Dom Paulo Evaristo Arns, arcebispo emérito de São Paulo e irmão de Zilda, mostrou-se extremamente abalado após receber a notícia da morte da irmã, dada por Nelson Arns Neumann, filho da médica. Em comunicado divulgado pela Cúria Metropolitana de São Paulo, o arcebispo pediu fé. "Que nosso Deus, em sua misericórdia, acolha no céu aqueles que na Terra lutaram pelas crianças e os desamparados. Não é hora de perder a esperança."
O senador Flávio José Arns (PSDB-PR), sobrinho de Zilda, embarcou ainda ontem para o Haiti para buscar o corpo da tia. "Infelizmente, para a tristeza e a desolação de todos nós, a notícia está confirmada. É uma perda muito grande", lamentou em poucas palavras o senador.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o Brasil deve muito a Zilda. "Foi ela que mostrou como é possível, com a ajuda do trabalho voluntário, enfrentar os problemas sociais e reduzir o sofrimento dos mais pobres."
Paranaenses
De Brasília, o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), decretou luto oficial de três dias no estado e em nota oficial, divulgada na tarde de ontem, referiu-se ao falecimento da coordenadora internacional da Pastoral da Criança como "irreparável". "A morte colhe Zilda Arns em plena atividade, na frente da batalha para salvar a vida das mulheres e crianças em um dos países mais pobres do mundo. A solidariedade, o amor ao próximo, a extrema dedicação aos desamparados sacrificaram a sua vida", declarou.
Em Washington, onde recebeu, na noite de terça-feira, uma premiação pela construção da Linha Verde, o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), prestou sua homenagem à dra. Zilda por meio de uma mensagem postada no Twitter, em que ressaltou o pioneirismo da médica. "Não há perda maior. A humanidade perde com a ausência dela. Seus programas de ação modelaram e inspiraram projetos mundo afora, salvando a vida de milhares de crianças e adolescentes." Presidente da Fundação de Ação Social (FAS), a esposa do prefeito, Fernanda Richa, também destacou a importância do trabalho da coordenadora da Pastoral. "Muitas das chamadas tecnologias sociais adotadas pela Pastoral, por iniciativa de dona Zilda, foram acolhidas em nossa gestão na FAS no amparo às famílias em situação de vulnerabilidade."
Amigos
Entre as voluntárias da Pastoral da Criança, o clima de tristeza foi mesclado à força de vontade para dar continuidade ao importante trabalho iniciado por Zilda. "Ela vai fazer uma grande falta, porque lutava muito e trabalhava por amor às crianças. Foi isso o que ela nos ensinou e era o entusiasmo dela que ajudava a manter a união de todas as voluntárias. Peço a Deus que nos dê forças para continuar o trabalho que ela deixou, com o mesmo amor e dedicação que ela tinha pelo que fazia", declarou Ana Aparecida Cano de Lima, líder da pastoral no bairro Xaxim e voluntária do programa há 27 anos.
Um dos principais apoiadores da Pastoral da Criança desde a sua fundação, o programa Criança Esperança (Rede Globo/Unesco) também manisfestou tristeza com a morte de Zilda Arns por meio de uma nota escrita por Luís Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação, enviada à Gazeta do Povo na tarde de ontem. "Estamos muito tristes, chocados. Não apenas porque somos um dos mais importantes parceiros da Pastoral da Criança uma das inspirações do Criança Esperança mas acima de tudo pela nossa admiração e carinho por sua obstinação em ajudar o próximo, em buscar justiça social e em lutar pela melhoria da gestão pública, sempre com firmeza, sem perder a doçura."
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