Paquistaneses vendem rins para saldar dívidas| Foto: Reprodução / CNN

Chefes de família no Paquistão estão enfrentando um grande drama: quitam suas dívidas com proprietários de terra ou precisam vender os filhos, a esposa ou um rim. Entrevistado pela CNN, Mohammed Iqbal, de 50 anos, já fez sua "escolha de Sofia": apesar de uma lei de 2007 que bane transplantes por dinheiro, ele decidiu vender seu órgão e já fez os exames pré-operatórios. A venda ilegal vai lhe render entre US$ 1.100 e US$ 1.600 (no máximo, cerca de R$ 3.200).

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Mohammed Iqbal disse que o proprietário da casa onde mora pediu que quitasse sua dívida e que agora se vê diante de uma decisão também enfrentada por moradores de outras áreas empobrecidas do Paquistão: vender seus filhos ou seu rim.

Iqbal não está sozinho nesse drama. Outros moradores de centros rurais e empobrecidos do Paquistão também optaram pela mesma saída.

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Um deles é Rab Nawas, que estava afundado em dívidas com o proprietário do terreno onde mora e tenta garantir o sustento da família. Ele pegou dinheiro emprestado para pagar pelo seu casamento e para cobrir as despesas médicas da mulher e dos seis filhos. Nawas também enfrentou o dilema: vender suas crianças, sua esposa ou seu órgão.

"Estava sem saída. Devia vender meus filhos? Então era melhor vender meu rim. Eu tinha que pagar o que devia", disse Nawas, que agora tem uma cicatriz das costas até o umbigo e está muito fraco para trabalhar o mesmo número de horas de antes.

Pessoas que também carregam histórias tristes e marcas adquiridas com a cirurgia não são raras nos vilarejos ao redor da fazenda onde Nawas trabalha. Em dado momento, o número de transplantes chegou à marca de 2.000 por ano - 1.500 deles classificados pelo governo de "turismo de transplante".

A lei de 2007 buscava acabar com a imagem de que o Paquistão é um dos países líderes em bazar de órgãos. Nawas vendeu seu rim depois que a proibição entrou em vigor e disse que o procedimento foi feito no Centro de Rins, na cidade de Rawalpindi.

Quando voltou ao centro depois da cirurgia, Nawas disse que um médico lhe contou que não possuía nenhum registro de sua operação, pois papéis deste tipo são destruídos assim que o paciente recebe alta. No entanto, a clínica - que antes da lei era uma grande compradora de rins - afirmou que obedece a lei e não se envolve em negócios entre doadores de rins e receptores.

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