Honduras disse que não mais reconhecerá a carta de direitos da Organização dos Estados Americanos (OEA), acusando o corpo diplomático de tentar impor "resoluções não dignas e unilaterais" ao novo governo, que assumiu o poder há uma semana, após um golpe com apoio do exército e expulsão do país do então presidente Manuel Zelaya. A declaração significa que Honduras, um dos países mais pobres das Américas, deixará a OEA e não sofrerá sanções da organização. Mesmo assim, o governo imposto não conseguirá evitar que outros grupos e países suspendam ajuda humanitária e empréstimos.

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O secretário-geral da OEA, Jose Miguel Insulza, em visita ontem ao país, exigiu que Zelaya seja recolocado na presidência. Hoje, a organização deverá discutir a suspensão de Honduras da OEA. O presidente de facto de Honduras, Roberto Micheletti, disse que "a OEA é uma organização política, não uma corte, e não pode nos julgar". A declaração foi feita ontem à noite e lida por Insulza durante entrevista para um canal de televisão de Honduras.

A recusa de Honduras em reempossar Zelaya coloca o país em uma rota de colisão com a comunidade internacional, que pode lhe custar o isolamento. Vários países têm prometido evitar Micheletti. Países vizinhos já impuseram bloqueio comercial a Honduras, as Nações Unidas suspenderam operações militares conjuntas e embaixadores da União Europeia saíram da capital. O Banco Mundial cortou uma linha de financiamento de US$ 200 milhões ao país e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) congelou uma linha de US$ 450 milhões.

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Insulza reuniu-se ontem em Tegucigalpa com o presidente da Suprema Corte de Honduras, Jorge Rivera, e outros políticos para negociar a volta de Zelaya. Rivera respondeu que a saída do poder de Zelaya é irreversível.

"Se Honduras está fora da OEA, bem, estaremos isolados...pouco a pouco reconquistaremos a confiança de outras nações, porque somos um povo corajoso que disse 'basta' a Chávez", afirmou a ministra-assistente de Relações Exteriores de Micheletti, Martha Lorena Alvarado. "Não iremos recuar", acrescentou.

Zelaya encontra-se na América Central e pretende voltar a Honduras amanhã, segundo o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. Zelaya disse que estaria acompanhado de Insulza e dos presidentes da Argentina e do Equador. As autoridades de Honduras dizem que Zelaya será preso se voltar ao país.