O impasse
Alguns fatos que marcaram a pior crise política das últimas décadas na América Central:
24 de junho O presidente Manuel Zelaya demite o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, depois que o Exército se recusa a distribuir cédulas para um referendo extraoficial em que os hondurenhos se manifestariam sobre o fim da proibição constitucional à reeleição presidencial. Críticos dizem que se tratava de uma tentativa velada de Zelaya de buscar um novo mandato. Ele nega.
28 de junho Na madrugada anterior ao dia da votação, soldados prendem Zelaya em sua casa e o colocam de pijama em um avião com destino à Costa Rica. O Congresso nomeia Roberto Micheletti como presidente interino. Credores internacionais suspendem empréstimos a Honduras.
29 de junho O presidente dos EUA, Barack Obama, diz que o golpe é ilegal e estabelece "um terrível precedente".
4 de julho Reunida em Washington, a Organização dos Estados Americanos suspende Honduras.
29 de novembro O latifundiário conservador Porfirio Lobo vence com facilidade a eleição presidencial. Nem Zelaya nem Micheletti participam do pleito. O Brasil não reconhece o resultado, por se tratar de uma eleição organizada pelo governo de fato.
2 de dezembro O Congresso vota contra a restauração do poder a Zelaya.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, elogiou ontem a assinatura do acordo que permitiu o retorno do ex-presidente Manuel Zelaya a Honduras e afirmou que, na próxima semana, o país deve ser reintegrado à Organização dos Estados Americanos (OEA).
O país está suspenso da OEA desde julho de 2009, quando um golpe derrubou o então presidente do país, Manuel Zelaya. Segundo Patriota, a situação de Honduras será tratada em assembleia extraordinária da organização, na semana que vem. "Isso deverá selar a reincorporação de Honduras ao convívio interamericano e internacional", disse o ministro.
O Brasil foi convidado para ir a Tegucigalpa acompanhar o retorno de Zelaya, previsto para amanhã. O assessor especial de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, vai representar o governo brasileiro.
"Vou lá simplesmente acompanhar essa missão de funcionários latino-americanos, e com isso celebrar o acordo pelo qual estamos lutando há tanto tempo. Acho que em seguida Honduras será reintegrada à OEA", afirmou Garcia.
Exílio
Zelaya retorna a Tegucigalpa depois de um exílio de 16 meses na República Dominicana, para voltar a viver em seu país natal. Dessa forma, Zelaya rechaçou a versão de simpatizantes, segundo os quais o ex-líder voltará a Honduras neste sábado apenas por dois dias.
"Retorno no sábado para minha pátria, a que me viu nascer, não por uma semana nem por 24 horas, como se disse erradamente, mas sim pelo resto de minha vida", afirmou Zelaya em mensagem enviada a seguidores. "Não tenho medo dos riscos e adversidades."
Segurança
O presidente do Comitê de Direitos Humanos do país e amigo de Zelaya, Andrés Pavón, anunciou na última quarta-feira que o ex-presidente voltará para uma sondagem, que duraria somente um dia ou pouco mais, para logo depois voltar para a República Dominicana. O motivo seria confirmar se há "garantia para segurança pessoal prometida pelas autoridades". A volta de Zelaya é prevista pelo Acordo de Cartagena das Índias, firmado no domingo pelo presidente hondurenho, Porfirio Lobo, e pelos presidentes da Colômbia, Juan Manuel Santos, e da Venezuela, Hugo Chávez.
Com o acordo, ficou aberto o caminho para a repatriação de Zelaya e o retorno de Honduras para a OEA.
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