Os hondurenhos saíam desesperados para comprar mantimentos e abastecer-se de gasolina nesta quarta-feira, pouco depois que o governo de facto suspendeu por algumas horas o toque de recolher em vigor no país devido à volta do presidente deposto Manuel Zelaya.
A medida de exceção começou a vigorar na tarde de segunda-feira, quando Zelaya anunciou que estava refugiado na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, e deveria durar até as 18h (21h de Brasília) desta quarta-feira.
A medida foi suspensa entre 10h e 17h (hora local), informou o governo em cadeia nacional.
Momentos depois do aviso, grandes filas se formaram em frente aos supermercados e postos de gasolina, esperando que os estabelecimentos abrissem. A paisagem fantasma da cidade se transformou quando centenas de automóveis saíram às ruas, que até momentos antes estavam desertas.
"Vou encher o tanque porque não sabemos o que vai acontecer. E depois vou ao supermercado", disse Jaime Garay, estacionado na fila de um posto de gasolina com seu carro.
A poucas quadras dali, e não muito longe da embaixada brasileira, Lourdes Carbajal, de 26 anos, carregava bolsas com água, pão, óleo, carne, ovos e feijão.
"Não queremos passar fome caso isso se prolongue. A solução para esse assunto é que Zelaya se entregue às autoridades e nos deixe em paz", disse à Reuters.
O líder interino, Roberto Micheletti, advertiu que a suspensão da medida somente foi decidida para o abastecimento da população, e que reuniões não serão permitidas. Um dia antes, forças de segurança desalojaram à força simpatizantes de Zelaya em frente à embaixada brasileira.
Um porta-voz da presidência disse à Reuters que, com certeza, o toque de recolher será estendido até quinta-feira.
Zelaya foi deposto em 28 de junho por militares e expulso à Costa Rica sob a mira de armas. No mesmo dia, planejava uma consulta popular que abrisse caminho para uma reeleição presidencial, algo que seus detratores viram como uma tentativa de imitar o aliado venezuelano, Hugo Chávez.