A líder executiva de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta sexta-feira (31) que as eleições em Hong Kong, marcadas para 6 de setembro, serão adiadas por pelo menos um ano por causa da pandemia de Covid-19. A decisão ocorre um dia depois que alguns dos líderes mais proeminentes do movimento pró-democracia foram impedidos de se candidatar por terem criticado a lei de segurança nacional de Hong Kong, imposta à força pelas autoridades da China continental.
"Lutamos contra a pandemia há sete meses. Essa pandemia foi um duro golpe para a nossa economia", disse Carrie em coletiva de imprensa. "Nós não temos sido complacentes. Precisamos estar em alerta máximo o tempo todo e responder [à crise]... O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS) disse recentemente que às vezes precisamos fazer algumas escolhas difíceis, e minha decisão hoje é a mais difícil de todas".
Hong Kong está vivendo um terceiro surto da Covid-19. Há mais de 10 está registrando mais de 100 casos diariamente. Nesta sexta-feira foram 121 e duas mortes. As autoridades de saúde investigam potenciais novos foco de transmissão na cidade e Lam disse que a cidade estava à beira de um "surto em larga escala" que poderia causar o colapso dos hospitais.
Apesar de esse ter sido o motivo oficial para o adiamento das eleições, é provável que o governo de Hong Kong, pró-Pequim, tenha tomado essa decisão visando enfraquecer o movimento pró-democracia.
Carrie Lam afirmou que estava se valendo de uma Portaria de Regulamentos de Emergência para adiar as eleições em Hong Kong e que Pequim também está a favor da decisão. Porém, a oposição apontou que o adiamento viola a constituição da cidade.
"De acordo com a portaria do Legco [Conselho Legislativo de Hong Kong], as eleições só podem ser adiadas por 14 dias", disseram 22 parlamentares pró-democratas em comunicado divulgado antes de Carrie Lam anunciar sua decisão. "Adiar [além disso] é desencadear uma crise constitucional na cidade", disseram, segundo o South China Morning Post.
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