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Milhares de manifestantes desafiaram a recém aprovada lei de segurança de Hong Kong e uma proibição de aglomeração ao marchar pelas ruas da cidade neste 1º de julho para protestar contra a interferência do governo comunista da China na política local.
De acordo com a imprensa, cerca de 370 honcongueses foram presos, 10 deles acusados de violar a legislação sancionada pelo presidente chinês Xi Jinping nesta terça-feira (30). Segundo South China Morning Post, o primeiro manifestante preso com base na nova lei de segurança estava carregando uma bandeira pedindo pela "independência de Hong Kong". Os demais foram detidos por não respeitar as regras de aglomeração por causa da pandemia de Covid-19.
A polícia local usou gás lacrimogênio e spray de pimenta para dispersar os manifestantes. Alguns deles vandalizaram lojas e bloquearam ruas. Nos confrontos, pelo menos sete policiais ficaram feridos.
Enquanto isso, autoridades de Hong Kong, pró-Pequim, comemoraram o aniversário de 23 anos da devolução do domínio da ilha à China após acordo com o Reino Unido. Nas cerimônias, oficiais defenderam a nova lei de segurança nacional, insistindo que ela reforçaria a política de "um país, dois sistemas", que, a princípio, garantiria a autonomia da cidade por mais 27 anos.
A líder da ilha, Carrie Lam, fez elogios à Pequim e disse que a lei era "necessária e oportuna" para acabar com os protestos que se estendem por mais de um ano. "Veremos o arco-íris após a tempestade, e a paz voltará após um ano de inquietação", disse ela.
Comentando a reação negativa de vários países ocidentais sobre a nova lei de segurança de Hong Kong, Zhang Xiaoming, vice-chefe do Gabinete de Assuntos de Hong Kong e Macau, disse que este é um assunto interno da China e que não deve ser tratado por governos estrangeiros. "Foi-se o tempo em que os chineses tinham que agradar os outros", afirmou.
A oposição, por sua vez, rejeita a nova legislação, forjada pelo Partido Comunista da China, afirmando que ela acabará com as liberdades na ilha. Algumas lideranças do movimento pró-democracia em Hong Kong resolveram renunciar, temendo perseguição do governo chinês, enquanto outros defendem que ainda é preciso protestar para resistir à pressão de Pequim.
A Associação de Advogados de Hong Kong emitiu um comunicado nesta quarta-feira posicionando-se contra a nova lei de segurança. Salientando que em nenhum momento a população de Hong Kong foi consultada, a organização afirmou que a legislação possui "várias provisões que parecem ser inconsistentes com" a mini-constituição de Hong Kong. " [A lei opera] para minar os pilares centrais do modelo 'um país, dois sistemas', incluindo o poder judiciário independente", diz o comunicado.