Líderes estudantis de Hong Kong e funcionários do governo se reuniram nesta terça-feira (21) para negociar as demandas dos manifestantes pró-democracia, mas não alcançaram nenhum acordo.
Manifestantes, principalmente estudantes, têm bloqueado as ruas há semanas para exigir democracia na ex-colônia britânica, que voltou ao controle da China em 1997.
O chefe do Executivo da cidade, Leung Chun-ying, reiterou que o governo não vai permitir que os cidadãos escolham quem serão três candidatos das eleições de 2017, o que será feito por um comitê de 1.200 membros.Os manifestantes não concordam com o comitê, que pode incluir vários aliados de Pequim. A China aceitou, porém, o sufrágio universal na eleição.
Leung disse que há espaço para discutir como formar o comitê e torná-lo mais democrático. Tais mudanças poderiam ser abordadas em uma segunda rodada de conversas ao longo dos próximos meses.
No discurso de abertura da negociação, o líder estudantil Alex Chow disse que a decisão do órgão legislativo da China em descartar a nomeação civil e exigir o comitê "castrou" Hong Kong.
"Autoridades do governo de Hong Kong podem decidir agora serem heróis democráticos ou vilões históricos", disse.
As autoridades do governo se prenderam à posição oficial de que as leis de Hong Kong não podem ser alteradas para acomodar as demandas dos manifestantes e ressaltaram que muitos na cidade não pensam da mesma forma.
"Nós esperamos que vocês entendam que há um monte de pessoas que não estão em Mong Kok, que não estão em Admiralty, que estão em casa e não estão insistindo sobre a nomeação civil", disse o secretário de Justiça, Rimsky Yuen.
Nesta terça, participaram da conversa cinco enviados do governo de Hong Kong, inclusive a vice-chefe do Executivo local, Carrie Lam.
A negociação foi televisionada a pedido dos estudantes. Telões foram colocados nos pontos de protesto para que os manifestantes pudessem assistir.
O governo já havia cancelado a primeira tentativa de conversas, o que renovou a intensidade dos protestos.
Os protestos motivaram confrontos ocasionais entre manifestantes e a polícia, que chegou a disparar gás lacrimogêneo sobre a multidão e também utilizou spray de pimenta e cassetetes.
Leung se recusou a dizer se haveria um prazo para retirar os manifestantes das ruas da cidade e disse que o governo não tinha "quaisquer instruções de Pequim".
Mas disse acreditar que as pessoas de Hong Kong estavam perdendo a paciência com as manifestações e podem tomar alguma atitude.
"Não existe um consenso por parte dos ocupantes sobre o que os faria ir embora", disse Leung.
Eleições livres
Nesta segunda (20), Leung disse a alguns meios de comunicação estrangeiros que eleições livres eram inaceitáveis em parte porque poderiam dar aos pobres e à classe trabalhadora de Hong Kong uma voz dominante na política.
"Se é inteiramente um jogo de números e representação numérica, então, obviamente, você estaria falando com metade das pessoas em Hong Kong, que ganham menos de US$ 1.800 por mês", Leung disse ao "New York Times", "Wall Street Journal" e "Financial Times".
"Então você acabaria tendo esse tipo de política e medidas", acrescentou Leung, alertando para os perigos do populismo e insistindo que o sistema eleitoral precisa proteger os grupos minoritários.
Críticos dizem que o sistema político já favorece os ricos em Hong Kong, que tem uma das maiores desigualdades da Ásia e onde a grande maioria das pessoas não pode pagar sua própria casa.
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