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Oriente Médio

Houthis dizem que estão “ensinando lição” aos EUA ao fechar rota marítima para Israel

Soldado houthi monta guarda em Sanaa, capital do Iêmen. (Foto: Yahya Arhab/EFE/EPA)

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Os rebeldes xiitas houthis do Iêmen disseram neste sábado que estão “ensinando uma lição” aos Estados Unidos ao terem conseguido travar a rota marítima do Mar Vermelho aos navios que se dirigem para Israel. “Nossas forças navais continuam a fechar a rota marítima para os portos da Palestina ocupada com competência moral e claro profissionalismo militar e de inteligência”, afirmou o vice-ministro das Relações Exteriores do governo houthi, Husan al Ezzi, em sua conta oficial na plataforma X. “Sanaa conseguiu isso, durante 24 horas por dia, ligando para navios e conversando com suas tripulações, e não recorre ao uso da força, exceto em raras ocasiões. Acho que estamos ensinando aos Estados Unidos uma importante lição de comportamento civilizado”, declarou.

Na sexta-feira, John Kirby, um dos porta-vozes da Casa Branca, anunciou que os Estados Unidos bombardearam posições dos rebeldes xiitas apoiados pelo Irã pela segunda vez em 24 horas. Com esse último bombardeio, Washington estava tentando destruir mísseis que os houthis iriam usar para atacar navios no Mar Vermelho, segundo o porta-voz. Este é o sexto ataque das forças dos EUA contra os houthis desde que o grupo insurgente começou, há meses, a atacar no Mar Vermelho e no Estreito de Bab al Mandeb navios que, segundo alegam, estão relacionados com Israel ou se dirigem para aquele país. Estes ataques houthis poderiam ter um grande impacto na economia mundial porque quase 15% do comércio marítimo global circula através do Mar Vermelho.

Os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram seu primeiro ataque contra alvos relacionados com os houthis no Iêmen em 12 de janeiro, no primeiro grande ato de retaliação contra os insurgentes pelos ataques no Mar Vermelho. Além disso, em nível diplomático, os Estados Unidos anunciaram esta semana a designação dos houthis como “terroristas”, algo que o grupo considerou uma “honra”. Por outro lado, os houthis realizaram cerca de 30 ataques contra navios que, segundo eles, estão ligados a Israel. Na sexta-feira, a Marinha britânica, que informa sobre a situação na rota marítima, não comunicou quaisquer incidentes na região.

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Os rebeldes houthis do Iêmen pediram neste sábado à União Europeia (UE) que não coloque “mais lenha na fogueira” com a missão naval que provavelmente aprovará para ser implementada no Mar Vermelho e que, em vez disso, os países do bloco europeu deveriam agir para “deter os crimes” na Faixa de Gaza. “Em vez de os países da União Europeia agirem para colocar lenha na fogueira, deveriam agir seriamente para acabar com os crimes de genocídio em Gaza, e então pararemos todas as nossas operações militares imediata e automaticamente”, disse Mohamed al Bukhaiti, membro do gabinete político houthi, em sua conta na plataforma X.

Esse representante houthi indicou que as sociedades europeias devem “perceber que os valores morais e humanos são fixos e não mudam de acordo com a nacionalidade e religião de uma pessoa, e o tratamento que lhes é dado com uma seletividade extrema que equivale à esquizofrenia expandirá o âmbito das guerras no mundo, que se espalharão pela Europa”.

Al Bukhaiti também justificou os ataques a navios no Mar Vermelho e no Estreito de Bab al Mandeb. “Apenas atacamos navios ligados a Israel, não com o objetivo de capturá-los ou afundá-los, mas com o objetivo de mudar sua rota para aumentar o custo econômico para Israel como forma de pressão para deter seus crimes em Gaza e permitir a entrada de alimentos, remédios e combustível para seus moradores sitiados. Trata-se de um ato legítimo, especialmente porque estamos em estado de guerra”, argumentou, acrescentando que, se as tripulações desses navios “tivessem respondido às instruções das nossas forças navais, não teriam sido detidos ou bombardeados”.

Os países da UE estão inclinados a que a missão naval que provavelmente mobilizarão no Mar Vermelho tenha um caráter defensivo para proteger os navios mercantes dos ataques que os houthis possam lançar, mas não estão considerando atacar o Iêmen, como fazem Estados Unidos e Reino Unido.

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