Presidente do Peru, Ollanta Humala, antes de deixar o aeroporto José Martí, em Cuba, na terça-feira| Foto: Reuters/Adalberto Roque

O presidente eleito do Peru, o esquerdista Ollanta Humala, indicou nesta quinta-feira mais dois moderados para integrar seu gabinete de governo, na tentativa de garantir aos investidores que fará um governo de centro no país, uma das economias de mais rápido crescimento no mundo.

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As nomeações reforçam a imagem que Humala procurou projetar durante a campanha eleitoral, na qual convenceu boa parte dos eleitores de que deixou pra trás seu passado radical e sua estridente oposição ao investimento estrangeiro, capital privado e livre mercado.

"Estamos formando um governo de unidade nacional", disse Humala, ex-oficial do Exército que tem sua principal base de apoio nas províncias mais remotas. Ele tomará posse em 28 de julho e promete adotar medidas para eliminar os incômodos conflitos sociais sobre os recursos naturais do país, os quais contrapõem grandes empresas mineradoras e petrolíferas a pobres cidades rurais que não foram beneficiadas pelo boom econômico da última década no país.

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Humala diz que um Estado fraco, que recolhe somente cerca de 15 por cento em impostos sobre o Produto Interno Bruto (PIB), precisa ser fortalecido e destinar mais recursos a programas sociais para favorecer a parcela de um terço dos peruanos que está mergulhada na pobreza.

Segundo ele, isso ajudará a evitar os conflitos sociais que costumam se tornar violentos e afetaram a gestão do atual presidente, Alan García.

Em entrevista a uma TV local, transmitida na manhã desta quinta-feira, Humala anunciou a nomeação de Rafael Roncagliolo para o cargo de ministro de Relações Exteriores. Roncagliolo é um acadêmico e jornalista que tem atuado em questões de governo e mídia em fóruns internacionais. Ele escolheu o engenheiro Carlos Herrera para ministro das Minas e Energia, cargo que ele já havia ocupado antes.

Na quarta-feira à noite foram feitos outros anúncios: o rico empresário Salomón Lerner, que comandou a campanha de Humala, será o primeiro-ministro e o economista ortodoxo Luis Miguel Castilla, ministro das Finanças.

Castilla, ex-vice-ministro das Finanças no governo de Alan García, é associado ao modelo econômico de livre mercado, adotado no país.

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No domingo, Humala afirmou que manterá no cargo o diretor do Banco Central, o conservador Júlio Velarde, elogiado em Wall Street.

O Peru é um dos principais exportadores mundiais de minérios. Empresas estrangeiras dizem que pretendem investir 50 bilhões de dólares em mineração e petróleo na próxima década no país, mas os investidores estão cada vez mais preocupados com os conflitos sociais por causa da poluição, fontes de água e distribuição das receitas provenientes da exploração dos recursos naturaisEmbora as nomeações de Humala agradem aos investidores, ele corre o risco de perder apoio dos eleitores. Além disso, ainda terá de convencer os conservadores de seu governo a aumentarem os gastos em programas sociais.