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Comércio internacional

Humala quer que CAN negocie coletivamente com os EUA

O candidato peruano Ollanta Humala aproveitou nesta segunda-feira um encontro com Evo Morales às margens do lago Titicaca para propor que a Comunidade Andina de Nações (CAN) negocie coletivamente um tratado de livre comércio com os Estados Unidos.

Humala fez um fervoroso apelo pela unidade da CAN, mergulhada em uma crise desde que a Venezuela anunciou sua retirada, no mês passado. O presidente boliviano disse que isso só será possível se a integração andina estiver a serviço dos povos da região, e não das multinacionais.

Um enorme cartaz com os dizeres "Obrigado, comandante Fidel" emoldurou o encontro, na inauguração de um hospital oftalmológico em Copacabana, doado por Cuba e transformado em cenário da primeira apresentação internacional de Humala na atual campanha eleitoral peruana.

- Queremos construir tratados de livre comércio (com os EUA], mas com a CAN negociando em conjunto - disse Humala na cerimônia, marcada também por grandes quantidades de bandeiras peruanas, bolivianas, venezuelanas e cubanas, além da "wiphala", a tradicional bandeira andina.

- Estou pedindo ao governo boliviano que trabalhe para fortalecer e encontrar uma solução na CAN. Peço a Evo Morales que busquemos as soluções que creio serem possíveis - disse o candidato nacionalista a presidente.

Humala, que no segundo turno enfrentará o ex-presidente social-democrata Alan García, quer deixar claras suas diferenças com o atual governo do Peru e com a Colômbia, que recentemente negociaram tratados de livre comércio com os EUA, o que provocou a ruptura venezuelana.

A Bolívia também rejeita os tratados de livre comércio, e Morales reiterou diante de Humala que a CAN deve recuperar seus valores originais de defesa do comércio regional, antes de pensar no livre comércio com os EUA.

- É preciso salvar a CAN, mas que seja CAN para os bolivianos, peruanos, andinos, colombianos, e não para as transnacionais, porque o tratado de livre comércio não fortalece o mercado interno, não apóia os nossos empresários - disse Morales, que firmou no final de abril um tratado comercial com Cuba e Venezuela.

- Alguns países nos falam de livre comércio para meter livremente seus produtos, mas nossos produtos não podem entrar livremente nos Estados Unidos, então, de que livre comércio estão falando? - acrescentou Morales.

O líder indígena boliviano, em seu quarto mês de governo, saudou o candidato visitante com um "Jallalla (viva, em aimará), hermano Ollanta". Deu vivas também ao líder indígena Tupaj Katari, do final do século 18, ao encerrar o pitoresco ato antes de uma reunião particular.

- Viva aos presidentes nacionalistas - gritavam centenas de camponeses reunidos diante da nova clínica de Copacabana, um dos centros turísticos mais importantes da Bolívia, famoso por seu santuário à Virgem Maria, a quem Morales disse ter ido pedir ajuda.

O Titicaca, o lago navegável mais alto do mundo, a 3.810 metros, é o ponto natural de união entre Bolívia e Peru. O lago é tradicionalmente considerado o berço da civilização inca.

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