A organização Human Rights Watch acusou nesta quinta-feira (12) o governo da Espanha de usar força excessiva para impedir o plebiscito sobre a independência da Catalunha, no dia 1º. Segundo as autoridades da região, a ação da forças nacionais deixou quase 900 feridos.
A investigação da entidade humanitária incluiu relatos de testemunhas e análise de vídeos, fotos e prontuários médicos em Girona, Aiguaviva e Fonollosa - os fatos na capital Barcelona não foram mencionados no estudo.
A acusação é direcionada a duas forças de segurança do governo central: a Polícia Nacional e a Guarda Civil. Os Mossos d'Esquadra, a polícia catalã, não foram citados. "A polícia pode até ter tido a lei a seu lado, para cumprir ordens judiciais, mas isso não lhe dava o direito de usar a violência contra manifestantes pacíficos", afirmou Kartik Raj, investigador da ONG.
Ele se refere à decisão do Tribunal Constitucional que considerou ilegal a votação. Madri tampouco reconhece o resultado, em que 90% dos votantes optaram pelo "sim", apesar de só 43% do eleitorado ter participado.
O relatório da Human Rights Watch foi apresentado no dia em que os espanhóis celebram sua festa nacional - mesma data em que em 1492 a América foi descoberta por Cristóvão Colombo.
O desfile militar que marca o feriado teve a participação do rei Felipe VI, do premiê espanhol, Mariano Rajoy, e de líderes políticos das regiões. A principal ausência no evento foi a do presidente catalão, Carles Puigdemont.
Independência
Na terça (10), Puigdemont declarou a independência da Catalunha, mas pediu que a proclamação fosse suspensa durante o diálogo com Madri. A manobra confundiu o país por não deixar claro se os catalães estavam se separando.
Nesse sentido, o premiê Rajoy pediu formalmente que Puigdemont esclareça se houve de fato uma secessão. O prazo para a resposta é a próxima segunda-feira (16).
Se o presidente catalão confirmar a separação, ele terá até quinta (19) para voltar atrás. Caso a declaração seja mantida, Madri planeja ativar o Artigo 155 da Constituição, que prevê a suspensão da autonomia regional.
Para isso, Rajoy precisa da aprovação de dois terços do Senado, o que já tem. Mas, em pacto com o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol), concordou em discutir a reforma constitucional, reivindicação de regiões separatistas, como a Catalunha.
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