Montevidéu O polêmico muro que os Estados Unidos decidiram construir na fronteira com o México para impedir o acesso de imigrantes foi criticado ontem no primeiro dia da 14.ª Cúpula Ibero-Americana. Os chanceleres reunidos em Montevidéu, no Uruguai, aprovaram uma resolução especial rejeitando a obra norte-americana.
O documento será revisto e assinado hoje e amanhã pelos líderes dos mais de 20 países participantes da cúpula, cujo tema central é imigração. O chanceler espanhol, Miguel Angel Moratinos, indicou que alguns países queriam mais rigidez no texto para condenar a iniciativa, mas que houve consenso. "O texto proposto pelo México é de rejeição à decisão do governo dos Estados Unidos, não há condenação. E se adotou sem dificuldades por todos os países", disse a jornalistas em entrevista.
O texto do comunicado pede aos Estados Unidos para "reconsiderar a construção de um muro divisório na América". Apesar da atividade dos chanceleres, a cúpula foi marcada pela ausência de alguns dos principais líderes da região. Não participam do encontro nem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem Hugo Chávez, presidente da Venezuela e de quem se esperava alguma reação em um evento internacional, após o fracasso do país em conseguir uma vaga no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Aprovou-se tudo o que foi proposto. Cooperação energética com a Venezuela, uma resolução sobre o muro na fronteira MéxicoEUA, falou-se de terrorismo. Foi uma das reuniões mais proveitosas que já vi", disse à imprensa Enrique Iglesias, presidente da Secretaria-Geral Ibero-Americana.
Alguns encontros bilaterais entre governantes de países que viveram atritos recentes tiveram início ainda na tarde de ontem.
Um deles foi entre o anfitrião Tabaré Vázquez e o argentino Néstor Kirchner, para discutir a construção de uma usina de celulose às margens do Rio Uruguai. Os argentinos consideram que a obra poluirá o rio fronteiriço.