Um bloco de gelo com 720 quilômetros quadrados de área - tamanho aproximado da cidade de Salvador - está oficialmente à deriva na costa da Antártica depois de ter se desprendido da Geleira de Pine Island (GPI), na região ocidental do continente.
O surgimento do novo iceberg foi diagnosticado por meio de imagens captadas pelo satélite alemão TerraSAR-X. A foto mais recente do equipamento europeu, desta segunda-feira, confirmou que a fissura na superfície da (GPI) finalmente havia rasgado a superfície da geleira, o que fez surgir o bloco solto e flutuante. Os cientistas aguardavam a notícia desde outubro de 2011, quando foi notada a primeira rachadura em Pine Island.
Ao contrário do que ocorre em outras partes do Manto de Gelo da Antártida Ocidental, onde está a geleira, cientistas afirmam que a formação do iceberg é um processo natural e não deve estar ligado diretamente às mudanças climáticas globais.
Último bloco surgiu em 2007
Os pesquisadores alemães recebem fotos do TerraSAR-X a cada três dias, o que permitirá produzir uma sequência de imagens capaz de ajudar na criação de modelos matemáticos para prever mudanças na massa de gelo na Antártica.
As informações coletadas até agora permitem dizer que a geleira em questão produz icebergs gigantes em intervalos entre 6 e dez anos. Blocos de gelo da magnitude do que foi formado esta semana se desprenderam de Pine Island em 2007 e 2001.
A explicação para o fenômeno é atribuída, em parte, ao aquecimento da água que fica por baixo da prateleira de gelo - parte da geleira que fica sobre o oceano, o que faz o limite da GPI se aproximar cada vez mais da costa. O comportamento da geleira a faz ser considerada a que está perdendo sua massa congelada com maior rapidez entre as demais da Antártica. A GPI está drenando cerca de 10% da massa de gelo que escapa da parte ocidental do continente.
B-15, o maior de todos
A expectativa, a partir de agora, será saber quanto tempo o iceberg vai levar para flutuar para fora da baía em que se encontra, o que poderá levar meses, estimam especialistas.
Mas o recorde de maior iceberg já detectado na Antártica ocorreu em 2001, Batizado de B-15, o bloco flutuante tinha superfície de 11 mil quilômetros quadrados, cerca de dez vezes a área do município do Rio de Janeiro.
O iceberg recordista em questão havia se desprendido da plataforma de gelo de Ross e levou anos para derreter enquanto se movia em direção ao Oceano Austral.