Governador de Idaho, Brad Little (à direita): “Direito e dever de estabelecer políticas legais sobre aborto finalmente retornaram ao nosso processo democrático estadual”.| Foto: Shealah Craighead/White House
Ouça este conteúdo

O governador do estado norte-americano de Idaho, Brad Little, assinou um projeto de lei na quarta-feira (5) que proíbe adultos de ajudar menores de idade a conseguir realizar um aborto em outro estado. [Nota da Tradução: Recentemente, Idaho se tornou o segundo estado dos Estados Unidos a aprovar uma proibição quase total do aborto, semelhante à do Texas, permitindo que a intervenção aconteça com no máximo seis semanas de gestação.]

CARREGANDO :)

"Com a reversão da Suprema Corte dos Estados Unidos em Roe vs. Wade no verão passado, o direito e o dever de estabelecer políticas legais sobre aborto finalmente retornaram ao nosso processo democrático estadual", escreveu Little em uma carta aos legisladores estaduais na quarta-feira.

[Nota da Tradução: O caso Roe vs. Wade foi um litígio judicial de 1973 em que a Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu que a Constituição norte-americana deveria permitir o aborto sem restrição governamental. O caso deu origem a uma jurisprudência, revogada em 2022, que determinava que regulamentações estaduais restritivas ao aborto seriam inconstitucionais, o que contrariava a própria Constituição dos EUA. A partir de 2022, a decisão retornou aos estados, que podem decidir se criam legislações pró-vida ou abortistas.]

Publicidade

"A disposição de 'tráfico de aborto' no projeto de lei busca apenas impedir que meninas menores de idade não emancipadas sejam levadas para outro estado para fazer um aborto sem o conhecimento e consentimento de seus pais ou responsáveis", acrescentou.

Desde a revogação de Roe v. Wade, Idaho adotou uma das proibições mais pró-vida nos Estados Unidos, tornando a interrupção da gravidez ilegal em todas as fases, exceto em casos de estupro, incesto ou ameaça à vida da mãe.

“Dar dinheiro a menores de idade, dar carona, ajudá-las a agendar consulta a um médico em outro estado, todas as atividades necessárias para ajudar uma jovem a deixar o estado, qualquer uma dessas ações será punível", disse Elisabeth Smith, diretora de Política e Advocacia do Center for Reproductive Rights [uma entidade abortista], à rede americana de notícias NBC News.

"O Projeto de Lei 242 (número do projeto assinado por Brad Little) pode ser o projeto de lei mais extremo que já vi em minha carreira", acrescentou Smith.

O novo projeto de lei parece ser uma resposta a estados vizinhos, especialmente Oregon, que se identificam como santuários para mulheres que procuram acesso legal a abortos.

Publicidade

"Oregon não rejeita ninguém que procura cuidados de saúde. Ponto final", disse a então governadora Kate Brown, meses atrás. "Para todos os americanos que se sentem assustados, bravos e decepcionados, para todos que precisam de um aborto e não sabem onde podem ter acesso a cuidados de saúde reprodutiva seguros, saibam que vocês não estão sozinhos, e a luta não acabou", completou.

Um comitê local da Planned Parenthood, entidade abortista dos Estados Unidos, condenou a nova proibição do projeto de lei. "Esta legislação é desprezível, e vamos fazer tudo em nosso poder para impedir isso", publicou o grupo na rede social Twitter.

"Este projeto de lei criminaliza um adulto que ajuda uma jovem a ter acesso aos cuidados de aborto com a intenção de esconder o aborto de seus pais. Embora a maioria das jovens inclua seus pais na decisão de fazer um aborto, algumas estão em situações perigosas e abusivas.”

A nova legislação entrará em vigor em maio.

©2023 National Review. Publicado com permissão. Original em inglês.
Publicidade