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Pedestres passam por muro pichado com a fase: “Não à ditadura de Maduro”, no distrito de Chacao, em Caracas | Tomas Bravo/Reuters
Pedestres passam por muro pichado com a fase: “Não à ditadura de Maduro”, no distrito de Chacao, em Caracas| Foto: Tomas Bravo/Reuters

Íntegra

Confira abaixo o que diz a nota do PT acerca da Venezuela, emitida no último dia 18 de fevereiro e assinada por Rui Falcão, presidente nacional do partido, e Mônica Valente, secretária de Relações Internacionais do PT:

O Partido dos Trabalhadores (PT), diante dos graves fatos que vêm ocorrendo na República Bolivariana da Venezuela, torna público o que segue:

Condenamos os fatos e ações com vistas a desestabilizar a ordem democrática na Venezuela; rechaçamos ainda as ações criminosas de grupos violentos como instrumentos de luta política, bem como as ações midiáticas que ameaçam a democracia, suas instituições e a vontade popular expressa através do voto. Lembramos que esta não é a primeira vez que a oposição se manifesta desta forma, o que torna ainda mais graves esses fatos.

Nos somamos à rede de solidariedade mundial para informar e mobilizar os povos do mundo em defesa da institucionalidade democrática na Venezuela, fortalecer a unidade e a integração de nossos povos.

Nos solidarizamos aos familiares das vítimas fatais fruto dos graves distúrbios provocados, certos de que o Governo Venezuelano está empenhado na manutenção da paz e das plenas garantias a todos e todas cidadãos e cidadãs venezuelanas.

Crítica

A Coalizão de Organizações pelos Direitos Humanos nas Américas, que reúne 52 organizações não governamentais (ONGs) de 16 países, criticou ontem os casos de violência na Venezuela. Em nota, o grupo adverte que o "uso da força letal e das armas de fogo por parte de funcionários do governo deve ser excepcional e estar limitado pelos princípios de proporcionalidade, necessidade e humanidade". A nota faz contraponto à carta do Mercosul que declarou apoio a Maduro.

Culto

A postura de Dilma sobre a Venezuela também difere da adotada por presidentes como Cristina Kirchner (Argentina) e Evo Morales (Bolívia), que defenderam Nicolás Maduro e responsabilizaram seus opositores pelos conflitos. Para analistas, Kirchner expõe uma característica da política argentina: a do culto às personalidades.

16 mortos foram confirmados nos protestos da Venezuela desde 12 de fevereiro; 149 ficaram feridos. Forças de segurança prenderam 579 por usar violência, 45 desses foram processados (incluindo 9 agentes do governo).

  • Pôster tachando Maduro de

Na última segunda-feira, em viagem a Bruxelas, a pre­­sidente brasileira Dilma Rous­­seff deu sinais de apoiar o governo de Nicolás Maduro, mudando sua postura em relação à crise na Venezuela. Sua manifestação, contudo, foi menos incisiva que a de seu partido, o PT, e que a do Mercosul. Ambos, por meio de comunicados, saíram abertamente em defesa do regime venezuelano.

Dilma afirmou que a situação vivida em Caracas é diferente da de Kiev, na Ucrânia, onde o presidente Viktor Ya­­nukovich foi deposto.

Ela defendeu as conquistas sociais do regime chavista e disse que é preciso evitar o vazio político, que levaria ao caos. "Com o caos vem toda a desconstrução econômica, social e política", disse.

Dias antes, Dilma tinha se limitado a dizer que os conflitos venezuelanos eram "assunto interno".

A direção nacional do PT divulgou nota na qual responsabiliza a oposição por tentar "desestabilizar a ordem democrática na Venezuela". Já o Mercosul emitiu comunicado no qual manifestou "forte rechaço às ameaças de ruptura da ordem democrática legitimamente constituída pelo voto popular". Como o Brasil é membro pleno do bloco econômico, Dilma também assinou o texto.

Especialistas explicam que os diferentes discursos se dão pela separação entre funções políticas e ideologia partidária. "Quando a Dilma fala, é como chefe de Estado. Já o partido é uma instituição que tem a liberdade para emitir opiniões mais radicais. E a atual presidente representa não apenas o PT, mas toda a população", afirma Eduardo Saldanha, professor de Relações Internacionais da FAE. No caso do Mercosul, Saldanha observa que a manifestação através de um bloco é estratégica, pois não afeta a política externa do Brasil.

Professor do Núcleo de Estudos Avançados de Direito Internacional da PUCPR, Luiz Alexandre Carta Winter acredita que a postura do governo brasileiro na questão venezuelana não é apenas partidária, mas institucional. "Há uma tradição do Itamaraty de não se posicionar ideologicamente. Como isso poderia trazer um desgaste desnecessário, o Estado brasileiro precisa ter uma posição um pouco mais conservadora", avalia.

Washington dá 48 horas para três diplomatas de Maduro deixarem o país

Os Estados Unidos deram 48 horas a três diplomatas venezuelanos para que deixem o país em resposta à decisão do governo da Venezuela da semana passada de expulsar do país três diplomatas dos EUA. A decisão foi anunciada ontem.

A Venezuela acusa os norte-americanos de recrutar estudantes para liderar protestos em Caracas contra o presidente Nicolás Maduro. Os EUA consideraram as acusações como "falsas e sem fundamento".

O Departamento de Estado norte-americano afirmou que os diplomatas Ignacio Luis Cajal Avalos, Víctor Manuel Pisani Azpurua e Marcos José García Figueredo foram declarados personae non gratae.

"Essa convenção permite que os Estados Unidos declarem qualquer membro de uma missão diplomática persona non grata a qualquer hora e sem a necessidade de apresentar uma razão", disse o Departamento de Estado, citando a Convenção de Viena sobre relações diplomáticas.

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