Os centenas de milhares de iemenitas que reivindicam a renúncia do presidente Ali Abdullah Saleh encontraram uma nova maneira de passar sua mensagem nesta sexta-feira (6): soltando balões que voaram sobre o palácio presidencial com a mensagem "Vá embora, Ali" pintada neles.
Dezenas de milhares de balões com as cores da bandeira do país voaram sobre a capital e o palácio, onde Saleh discursava para um pequeno público de defensores, classificando seus oponentes de terroristas, saqueadores e assassinos. "Posso assegurar que vou resistir", reforçou Saleh na praça Sabbine, a principal usada pelos fiéis muçulmanos.
Saleh tem se recusado a colocar um ponto final em seus 32 anos no poder apesar da enorme pressão de três meses de manifestações nas ruas e das nações árabes vizinhas, temerosas de que a crescente instabilidade do Iêmen possa prejudicar suas ricas terras produtoras de petróleo.
O que começou como uma manifestação pacífica em um campus universitário na capital Sanaa se transformou em protestos de centenas de milhares pelo país. Assim como outros governantes árabes forçados a sair do poder ou ameaçados pelos levantes, Saleh tem reagido com uma mistura de concessões e uso da força bruta. Apesar da morte de mais de 140 manifestantes, as multidões continuam a se reunir.
Comícios dos defensores e oponentes de Saleh se tornaram comuns na capital nas sextas-feiras, mas os manifestantes contra Saleh são muito mais numerosos que os defensores do presidente.
Nesta sexta, o comício contra Saleh foi denominado "Dia de Gratidão ao Sul" em homenagem aos sulistas que renovaram em 2007 seus protestos contra suposta negligência do governo em relação à sua região que já foi independente.
A manifestação sulista cresceu e se transformou em um movimento separatista, um dos vários desafios de segurança que já testavam o governo de Saleh mesmo antes dos protestos do começo de fevereiro.
Entre outras ameaças estão a ramificação da Al-Qaeda que se refugiou no país nos últimos anos e a rebelião armada no norte. O Iêmen também é o país mais pobre do mundo árabe e sofre com a corrupção e o desemprego. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.