Vista geral dos confrontos registrados entre a guarda presidencial e os rebeldes, em Sana| Foto: EFE

Os confrontos entre militares iemenitas e milicianos do movimento xiita dos houthis chegaram nesta segunda-feira (19) às portas do palácio presidencial na capital Sana até que, à tarde, foi decretado um cessar-fogo em meio a uma nova escalada do conflito que há meses afeta o país. Desde a madrugada foram ouvidos disparos e explosões no bairro de Al Sabain, onde fica o palácio, sem que por enquanto tenham sido divulgados números oficiais de vítimas.

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Uma comissão convocada pelo presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi para negociar um cessar-fogo terminou com o acordo de fim das hostilidades por ambas as partes a partir das 16h30 locais (11h30 de Brasília) embora, como a reportagem da Agência Efe pôde constatar, começou realmente meia hora mais tarde do que o estipulado.

Nesse encontro estiveram presentes o ministro do Interior, o general Jalal Rowaishan, o de Defesa, o general Mahmoud Subaihi, o comandante das Forças Especiais de Segurança (pró-houthi), o general Abdulrazak al Mrona, e dois líderes houthis, Mahdi al Mashat e Salah al Samad. Antes, os houthis, que controlam Sana e outras regiões do país desde setembro, bloquearam a rua de Al Setin, que leva à residência do presidente iemenita, em cujos arredores também foram registrados confrontos armados.

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Um oficial da guarda presidencial, cujo comando depende de Hadi, afirmou à Efe que os rebeldes xiitas tomaram o controle de edifícios próximos ao palácio presidencial e bombardearam este último, em uma tentativa de tomar seu controle. Estes confrontos encenam as profundas divisões que existem entre os membros desse movimento e o presidente, que ontem ordenou ao exército para proteger a capital.

Tanques e veículos blindados das forças da guarda presidencial estão nas ruas em torno do palácio, que é utilizado para as reuniões do governo. Hadi preferiu hoje convocar seus conselheiros políticos, entre os quais vários houthis, em sua própria residência com o objetivo de buscar uma solução política para a crise.

As medidas de segurança estabelecidas não impediram que um grupo armado abrisse fogo contra o comboio no qual seguia para o encontro o primeiro-ministro Khaled Bahah, que saiu ileso. Não estão claras a autoria nem as circunstâncias do ataque, que ocorreu na avenida Al Zubairi, uma das principais de Sana.

A ministra de Informação, Nadia Sakaf, afirmou em seu conta no Twitter que um comboio de houthis que tinham se reunido com Hadi foi também alvo de intensos disparos. Além disso, a porta-voz advertiu que a rede de televisão e a agência de notícias do governo estão em poder dos houthis, que em setembro já tinham tomado o controle das sedes dessas instituições e de outros edifícios governamentais da capital.

Nas últimas horas aumentaram os rumores de uma tentativa de golpe de Estado por parte dos houthis, que no sábado aumentaram a pressão sobre as autoridades sequestrando o chefe do gabinete do presidente, Ahmed Awad Mubarak.

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Os houthis, que já pegaram em armas em várias ocasiões entre 2004 e 2010, acusaram Mubarak de facilitar o caminho para a aprovação de um novo texto constitucional, ao qual se opõem. Eles atualmente reivindicam uma maior participação no poder, um pacto contra a corrupção e a aplicação dos acordos assinados com as autoridades em setembro, embora não tenham respeitado o ponto que exige a retirada de seus milicianos das cidades.

A expansão militar dos rebeldes forçou então a assinatura desses pactos e a formação de um novo governo no Iêmen. Fontes do movimento houthi, que tem seu reduto na província de Saada, explicaram à Efe que o líder "perdeu" apoio político e militar, e não descartaram a possibilidade de tentar derrubá-lo se não forem levadas em conta suas reivindicações.