Milhares de manifestantes cantaram e dançaram nas ruas da capital do Iêmen, neste domingo (5), comemorando a partida do presidente Ali Abdullah Saleh, esperando que seja a marca do fim de suas três décadas no poder.
"O país está mais bonito sem você", dizia uma placa carregada por um iemenita, um dos milhares de opositores Saleh que acampam desde o início de fevereiro em uma área da capital Sanaa, que têm sido chamada de a Praça da Mudança.
Manifestantes dançaram a noite toda depois da notícia, na noite de sábado (4), de que Saleh havia voado para a vizinha Arábia Saudita para uma cirurgia de remoção dos estilhaços em seu peito, resultado de um ataque ao prédio da presidência que matou e feriu vários assessores.
Na cidade de Taiz, milhares de pessoas celebraram a partida de Saleh com um espectáculo pirotécnico.
Até o ataque de sexta-feira (3), Saleh se manteve no poder, combatendo a pressão internacional para renunciar diante dos protestos, inspirados por revoltas no Egito e na Tunísia, que pediam sua saída e exigiam democracia.
"Vencemos, finalmente. A revolução foi bem-sucedida. Saleh não vai voltar", disse um ativista, embora outros estivessem menos confiantes quanto a uma partida definitiva.
A capital, que tem sido palco de combates cada vez mais violentos desde que Saleh se recusou a assinar uma iniciativa de paz do Golfo no mês passado, estava mais tranquila no domingo. Os grupos armados que vinham lutando nas ruas desapareceram durante a noite e menos famílias foram vistas fugindo da cidade.
Os combates entre as forças armadas de Saleh contra tribos e unidades do exército do lado dos manifestantes já mataram mais de 200 pessoas desde que os protestos começaram em janeiro.
Nos últimos meses, a eletricidade foi cortada cerca de 10 horas por dia, mas o fornecimento foi normalizado na noite de sábado, depois de Saleh deixou o país.
Durante as comemorações, alguns estavam preocupados com o retorno de Saleh. "A nossa felicidade será completa quando tivermos a certeza de que Saleh não vai voltar," disse um residente em um café local, no domingo.
Alguns ativistas disseram Saleh deixou um número suficiente de partidários para trás para indicar que ele pretende permanecer no poder. Mas muitos acreditam que a Arábia Saudita pode convencê-lo a entregar o poder, agora que ele está no país.
Algumas pessoas na cidade de Aden estavam preocupadas com a escalada da violência na ausência de Saleh.
"As pessoas estão preocupadas com o que acontecerá depois da saída de Saleh. Elas estão mais preocupadas com um golpe militar e disputas pelo poder dentro do Exército", disse Farouq, um jornalista local.
"A água e a eletricidade de Aden ainda estão sendo cortadas, mantendo as pessoas focadas em necessidades básicas, em vez de comemorar a viagem Saleh à Arábia Saudita."
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