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Cartaz mostra o candidato presidencial da oposição na Venezuela, Edmundo González Urrutia, e María Corina Machado, líder da oposição
Cartaz mostra o candidato presidencial da oposição na Venezuela, Edmundo González Urrutia, e María Corina Machado, líder da oposição| Foto: EFE/Orlando Barría

A líder opositora da Venezuela, María Corina Machado, vem alertando o mundo sobre a escalada cruel e repressiva do chavismo após as eleições presidenciais marcadas por denúncias de fraude.

Nos últimos dias, a Venezuela enfrenta manifestações em várias partes do país contra a omissão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) em divulgar as atas de votação que comprovam a vitória ou derrota de Maduro.

Em meio aos atos de protestos pacíficos, se infiltram grupos pró-Maduro que promovem a violência e o terror entre a população, sem que haja interferência policial para contê-los. Eles são conhecidos como Coletivos.

“Após a retumbante e inapelável vitória eleitoral que os venezuelanos obtiveram em 28 de julho, a resposta do regime é o assassinato, o sequestro e a perseguição. Alerto o mundo sobre a escalada cruel e repressiva do regime, com até o momento mais de 177 detenções arbitrárias, 11 desaparecimentos forçados e pelo menos 17 assassinatos nas últimas 48 horas”, declarou Machado na rede social X, nesta quarta-feira (31).

O aumento da repressão contra os opositores do chavismo ficou ainda mais evidente com o sequestro de Freddy Superlano, ex-deputado e líder do partido opositor Vontade Popular, e dois de seus colaboradores, na terça-feira (30).

Logo após o ocorrido, a oposição se manifestou dizendo que os três foram vítimas de um sequestro por "funcionários encapuzados" do regime de Maduro.

Nesta quinta-feira (1º), o primeiro vice-presidente do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) e número 2 do chavismo, Diosdado Cabello, afirmou que Superlano, cujo paradeiro sua família e a maioria antichavista dizem desconhecer depois de mais de 30 horas desde que foi levado, "está detido e falando".

Enquanto a repressão cresce internamente no país, Maduro têm colocado a responsabilidade pela crise de violência no adversário político, Edmundo González, apontado como vencedor das eleições pela oposição.

O ditador ainda tentou vincular Héctor Guerrero Flores, vulgo 'Niño Guerrero', líder do grupo criminoso transnacional Tren de Aragua, e os EUA, aos protestos desencadeados nas últimas horas contra os resultados divulgados pelo CNE.

“O famoso 'Niño Guerrero' está no sul de Caracas dirigindo as operações, agora está se movendo, está tentando fugir para a Colômbia”, disse Maduro, sem dar detalhes sobre as alegações.

Segundo o chavista, “eles [EUA] o mandaram de Manizales (Colômbia), porque os gringos o quebraram, baixaram um decreto ameaçando-o, declarando-o terrorista e lhe disseram: você vai para a Venezuela, faça algo para se salvar”, afirmou.

Em apoio à tese de Maduro, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, um dos principais aliados do ditador, apontou a morte de um primeiro-sargento, culpando a oposição por gerar protestos a fim de provocar “um golpe de Estado” na Venezuela.

Machado, por sua vez, rebateu às falsas alegações afirmando que “a Venezuela e o mundo inteiro sabem que a violência é o último recurso do regime de Maduro”, que - de acordo com a coalizão opositora Plataforma Unitária Democrática (PUD) - perdeu as eleições, embora o CNE o tenha declarado vencedor.

Nesta quinta-feira, oito ongs de direitos humanos divulgaram uma declaração conjunta exigindo da ditadura o respeito à integridade física e de liberdade da população venezuelana, condenando a crescente repressão do chavismo.

Se mobilizaram a Anistia Internacional, o Centro pela Justiça e Direito Internacional (Cejil), CIVICUS, Comissão Internacional de Juristas, Freedom House, Centro Global pela Responsabilidade de Proteger, Escritório de Washington para a América Latina (Wola) e a Robert F. Kennedy Direitos Humanos.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e sua Relatoria Especial para a Liberdade de Expressão (Rele) divulgaram nesta quarta-feira (31) um comunicado no mesmo sentido, condenando a ditadura de Nicolás Maduro pela violência usada nos protestos.

Além das mortes notificadas até o momento, mais de mil pessoas foram detidas durante as manifestações.

A situação catastrófica da Venezuela provocou uma reação dura do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, nesta quarta-feira (31), que antecipou um pedido ao Tribunal Penal Internacional (TPI) de ordem de prisão contra Nicolás Maduro por cometer um "ataque sangrento contra manifestantes".

“Maduro anunciou um banho de sangue e está cumprindo”, afirmou Almagro durante a reunião extraordinária da OEA, que terminou sem a aprovação de uma resolução para cobrar da Venezuela a disponibilização das atas eleitorais devido à abstenção de Brasil e outros países integrantes.

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