Principais casos
Denúncias de abuso sexual envolvendo membros da Igreja aumentaram em 2010.
mai.2006 Vaticano obriga Marcial Maciel, fundador dos Legionários de Cristo, a deixar suas responsabilidades sacerdotais após investigar várias denúncias de abusos sexuais apresentadas por antigos membros da congregação.
nov.2009 Relatório revela que o arcebispo de Dublin (Irlanda) escondeu abusos cometidos por sacerdotes a centenas de crianças durante décadas.
jan.2010 Em Berlim, o reitor do colégio jesuíta Canisius reconhece que alguns alunos sofreram abusos sexuais nas décadas de 1970 e 1980; trata-se da primeira denúncia envolvendo congregações alemãs.
1º.mar.2010 Na Holanda, a ordem dos salesianos de Don Bosco abre investigação sobre supostos abusos sexuais infligidos a alunos de um internato na região de Arnhem nos anos 1960.
05.mar.2010 Revelações de dois casos e de denúncias de abusos contra o coral de meninos de Ratisbona (Baviera), dirigido durante 30 anos pelo irmão do Papa Bento XVI, o monsenhor Georg Ratzinger.
16.mar.2010 Vaticano reconhece a existência, no Brasil, de acusações contra sacerdotes por abusos sexuais.
20.mar.2010 Em carta pastoral dirigida aos católicos irlandeses, Bento 16 expressa "vergonha e "remorso de toda a Igreja pelos atos pedófilos, e criticou o episcopado local. Seis bispos apresentaram sua demissão; quatro delas foram aceitas.
25.mar.2010 O jornal The New York Times acusa Bento XVI de ter ocultado, no passado, um sacerdote americano acusado de ter maltratado cerca de 200 crianças em uma escola de Winsconsin.
23.abr.2010 Bispo de Brujas (Bélgica), Roger Vangheluwe, reconhece ter abusado sexualmente de seu sobrinho.
02.jun.2010 A Conferência Episcopal Suíça dá conta de 104 vítimas de abusos sexuais declaradas desde janeiro.
15.jul.2010 Vaticano endurece suas regras em matéria de luta contra a pedofilia, introduzindo procedimentos mais ágeis para os casos mais urgentes e aumentando de 10 para 20 anos a duração da prescrição dos casos.
10.set.2010 Igreja Católica da Bélgica publica cem testemunhos de vítimas de sacerdotes de quase 500 reconhecidos e revela 13 casos de suicídio.
Fonte: Folhapress
Bruxelas, Bélgica - A Igreja Católica da Bélgica reconheceu ontem os "erros do passado" na gestão dos casos de abuso sexual de crianças por padres e prometeu ajuda às vítimas.
Três dias depois da publicação do relatório de uma comissão formada pela Igreja, que constatou 475 denúncias por abusos sexuais e o suicídio de 13 vítimas desde os anos 60, o arcebispo de Malinas-Bruxelas, André Leonard, concedeu uma entrevista a jornalistas. "Desejamos tirar as lições necessárias dos erros do passado. Queremos nos comprometer para uma disponibilidade máxima às vítimas", afirmou o principal responsável da Igreja Católica belga.
No entanto, Leonard reconheceu que o problema e as emoções geradas são "de tal tamanho que é impossível apresentar hoje uma proposta detalhada".
Por enquanto, a Igreja Católica prevê a criação de um "centro de cura e reconciliação das vítimas", que contará com vários especialistas.
O bispo de Amberes, Johan Bonny, disse ainda, segundo o jornal El Pais, que a Igreja vai colaborar o máximo possível com a Promotoria e o Ministério de Justiça nos casos de padres sujeitos a punição.
Estes, contudo, são uma exceção já que, como o próprio Leonard lembrou, a maioria são casos antigos, que remontam aos anos 60, e que já prescreveram do ponto de vista penal. O bispo, contudo, pediu aos autores de abusos que ainda não prescreveram que "se denunciem".
Leonard falou ainda do caso do ex-bispo da diocese de Bruges, Roger Vangheluwe, destituído pelo papa em abril após reconhecer que tinha abusado sexualmente de seu sobrinho menor de idade.
Ele disse que o Vaticano tomará uma decisão em breve sobre a possível expulsão de Vangheluwe da Igreja.
Reação
Em reação ao relatório belga que apontou 475 denúncias de pedofilia e 13 suicídios nos anos 60, mais o reconhecimento da Igreja a respeito dos abusos, o Papa Bento XVI expressou "dor", disse o Vaticano.
As declarações do pontífice em função das revelações sobre a magnitude dos escândalos de pedofilia na Igreja belga nas últimas décadas foram reveladas a um canal de televisão da Bélgica pelo porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi.