O papa Francisco ocupa uma posição que é única no planeta. Ele é líder de uma entidade que, tecnicamente, tem 1,2 bilhão de integrantes (este é o número de pessoas batizadas; o de praticantes deve ser menor), encabeçando o que a revista Foreign Affairs define como uma "ampla rede de organizações humanitárias" e também o "serviço diplomático mais antigo do mundo".
Com características assim, a Igreja Católica desempenha um papel protagonista no cenário internacional, para além da influência religiosa. "A autoridade da Igreja e do papa não é a do poder político e econômico como, por exemplo, a da ONU [Organização das Nações Unidas]", explica a professora Ludmila Andrzejewski Culpi, do Centro Universitário Uninter. "A Igreja é dona de uma autoridade moral, ela é uma instância que garante valores morais."
Análise semelhante faz o professor Kai Enno Lehmann, do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo. "Sempre vejo o papel de papas em termos de liderança moral e, talvez, na mudança da agenda das relações internacionais", diz. "Por exemplo, se o novo papa conseguir botar pobreza de vez na agenda das políticas internacionais e os seus primeiros discursos indicam que será uma prioridade para ele , ele terá feito uma contribuição importante."
Para ficar em um exemplo da influência papal, há a postura de João Paulo II (1920-2005) em relação à Guerra Fria. Falando sobre liberdade de expressão e pregando a paz, ele foi decisivo no processo que acabou com o comunismo soviético.
Argentina ocupa o centro do mundoEfe
Maradona, Evita e Gardel, mitos da história argentina, não conseguiram levar tão longe e em tão pouco tempo o nome do país como fez nos últimos dias o papa Francisco, querido e admirado pelos fiéis de sua terra e até agora um estranho para o resto do mundo.
Com a eleição do sumo pontífice, a Argentina, um país situado no "fim do mundo" o último território antes da Antártida , se transformou, em menos de uma semana, no centro do planeta.
Desde que o Santo Padre se declarou amante do mate, do churrasco, do tango e do futebol, essas marcas argentinas estiveram muito presentes nas ruas de Roma e nos meios de comunicação internacionais.
A imagem do papa Francisco com uma cuia de mate na mão, presente de uma jornalista argentina da Santa Sé, chegou rápido a jornais e televisões e, daí, às redes sociais.
Não demorou para que todos aprendessem que Bergoglio o tomava amargo e que costumava fazê-lo inclusive enquanto percorria as ruas dos bairros de Buenos Aires, quando era cardeal.
Pela afeição especial do papa a essa bebida, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, lhe presenteou com um kit completo composto de garrafa térmica, mateira, açucareiro, porta-erva e bomba.
O kit de mate foi elaborado em uma cooperativa argentina, mais especificamente pela artesã Raquel Morales. "Foi uma surpresa tão grande que ainda não me dei conta. A presidente e o papa gostaram. Não posso pedir mais", disse Raquel.
Como bom portenho, o papa Francisco é também um amante da carne na grelha e do tango, que nos últimos dias soou nos arredores da Praça de São Pedro em espontâneos shows em homenagem ao pontífice.
Também é fã do futebol, na verdade do San Lorenzo, um dos cinco times grandes do Campeonato Argentino junto com Boca Juniors, River Plate, Racing e Independiente.