A Igreja Católica da Itália fez na segunda-feira uma crítica indireta ao primeiro-ministro Silvio Berlusconi, dizendo que atitudes imorais por parte dos políticos afetam a imagem do país e ameaçam seu futuro.
O presidente da Conferência Episcopal local, cardeal Angelo Bagnasco, afirmou em um discurso que há "preocupantes nuvens sobre a Itália", "armadilhas de hipocrisia" e uma "doença moral", que pode prejudicar a boa formação dos jovens.
"Quem aceita uma posição pública precisa entender a sobriedade, a disciplina pessoal, o comedimento e a honra que a acompanham", disse o cardeal.
Essas críticas, seguindo-se a uma reprimenda por parte da principal entidade industrial da Itália, mostram como as instituições conservadoras estão desiludidas com Berlusconi, acusado de chamar prostitutas para festas em sua mansão, nos arredores de Milão.
Berlusconi, de 74 anos, nega ter contratado prostitutas e se diz vítima de uma perseguição política de magistrados de esquerda.
O escândalo foi detonado por uma marroquina que era menor de idade na época em que diz ter frequentado as festas do premiê.
Nas últimas semanas, os jornais trazem novas revelações sobre o caso diariamente, inclusive com transcrições de telefonemas com descrições picantes dos eventos, o que incluía, entre outras coisas, dançarinas fantasiadas de enfermeiras.
Bagnasco disse que a Itália está sofrendo com uma explosiva mistura de "fraqueza ética e fibrilação política", e passando "de uma situação anormal a outra."
Os discursos de Bagnasco costumam ser revistos de antemão pelo Vaticano, o que significa que essas críticas tiveram o aval do papa Bento 16, que na semana passada já havia feito uma referência velada ao escândalo, quando falou sobre a necessidade de redescoberta dos princípios morais.
O cardeal criticou o "desastre social" de um modelo de sucesso baseado "na esperteza, no alpinismo social, no exibicionismo e em se vender", o que, segundo ele, terá consequências sobre as futuras gerações.
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