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A Igreja Ortodoxa Russa pediu ontem que seja concedida a clemência às integrantes da banda punk Pussy Riot caso elas estejam arrependidas. Hoje, será dada a decisão judicial de uma apelação da sentença de dois anos de prisão que elas receberam pela apresentação de músicas contra o governo na principal catedral de Moscou.

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As três responsáveis pela "oração punk" que criticou os laços do presidente Vladimir Putin com a Igreja Ortodoxa Russa foram condenadas por uma corte distrital em 17 de agosto, por "vandalismo motivado por ódio religioso."

Vladimir Legoida, um porta-voz da Igreja, afirmou que o ato das artistas "não pode permanecer sem punição seja qual for a justificativa", mas que qualquer arrependimento, se expresso, deve ser levado em consideração. "A igreja sinceramente deseja o arrependimento daquelas que profanaram um local santo, certamente como benefício para suas almas", afirmou Legoida em um discurso.

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"Se quaisquer palavras das condenadas indicar arrependimento... Desejamos que isso não passe despercebido e que aquelas que violaram a lei ganhem uma chance de consertar seus caminhos."

Culpa

Um comunicado da igreja após o veredicto de agosto indicou que o clero apoiaria um perdão ou uma senten­­ça reduzida, mas que exi­­gi­­ria que Nadezhda Tolo­­kon­­ni­­kova, de 22 anos, Maria Alyo­­khina, 24, e Yekaterina Sa­­mut­­sevich, 30, admitissem sua­­­­ culpa, algo que os advo­­ga­­­­dos do trio dizem ser im­­pos­­­­sível. "Se eles [da Igreja] esperam um arrependimento no sentido de crime, isso definitivamente não aconte­­cerá. Nossas clientes não admitirão culpa. Um pedido desses é fora de propósito", afirmou ontem o advogado Mark Feigin à emissora de televisão independente Dozhd.

A equipe jurídica e parentes das artistas têm poucas esperanças de que as sentenças, que eles consideram severas demais, sejam anuladas ou reduzidas após a audiência marcada para hoje, com arrependimento ou não.

"A sentença é predeterminada. O arrependimento não afetaria em nada", afirmou Stanislav Samutsevich, pai de uma das mulheres presas. "O fato de a Igreja estar pedindo isso não é nada além do que uma jogada de relações públicas para manter sua reputação aos olhos do público, já que a Igreja diz ser separada do Estado."

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O patriarca Kirill, chefe da Igreja Ortodoxa Russa, cha­­mou os 12 anos de man­­da­­to de Putin de "um milagre de Deus" e apoiou sua campanha presidencial neste ano. Para ele, os laços entre a Igreja e o Estado ajudaram a proteger e desenvolver a sociedade.