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A Igreja Ortodoxa Ucraniana (UPTS) anunciou nesta sexta-feira (27) sua ruptura com o Patriarcado de Moscou devido ao seu apoio aberto à “operação militar especial” russa na Ucrânia – como o Kremlin e seus apoiadores chamam a invasão à ex-república soviética.
“Expressamos nosso desacordo com a posição do Patriarca de Moscou, Cirilo, sobre a guerra na Ucrânia”, diz o comunicado publicado no site da UPTS.
Por esta razão, o Conselho da UPTS tomou a decisão de declarar “a plena autonomia e independência da Igreja Ortodoxa Ucraniana”.
“O conselho apela às autoridades ucranianas e russas para que continuem o processo de negociação e a busca de uma palavra forte e sensata que possa parar o derramamento de sangue”, acrescenta.
Cirilo, que mantém uma relação estreita com o Kremlin, pediu aos russos em suas homilias que cerrem fileiras com o Kremlin e o exército russo em sua guerra santa contra o “Anticristo”, ou seja, o governo ucraniano e seus apoiadores ocidentais.
Muitas das dioceses ucranianas que ainda dependem do Patriarcado de Moscou deixaram de mencionar Cirilo em seus sermões em um claro sinal de repulsa.
O patriarca russo foi quem promoveu a ideia do “Mundo Russo”, ou seja, onde quer que se fale russo e a fé seja ortodoxa, independentemente de fronteiras internacionalmente reconhecidas, é a área de influência de Moscou, cuja missão messiânica é defender os russos e seus valores tradicionais.
A UPTS também estendeu a mão à Igreja Ortodoxa da Ucrânia (PTSU), criada em 2018 por Kyiv, depois de receber o apoio do Patriarcado de Constantinopla, inimigo de Moscou, ao pedir o diálogo para restaurar a unidade dos ortodoxos ucranianos, renunciando à transferência forçada de paróquias para a PTSU.
Desta forma, o Patriarcado de Moscou perde um de seus principais territórios, a Ucrânia, onde a maioria dos fiéis são ortodoxos, embora também existam vários milhões de católicos pertencentes à Igreja Uniata.
A estreita dependência da Igreja Ortodoxa Russa dos ditames do Kremlin afastou gradualmente os ortodoxos ucranianos do Patriarcado de Moscou.
“O patriarca tomou pessoalmente a decisão de ser um dos ideólogos do sistema político criado pelo presidente russo, Vladimir Putin. Tornou-se um de seus principais aliados a ponto de justificar a guerra na Ucrânia”, disse recentemente à Agência Efe o teólogo Sergei Chapnin, que trabalhou por 15 anos para o Patriarcado de Moscou.
A União Europeia cogita impor sanções a Cirilo. Segundo um documento do Serviço Europeu de Ação Externa ao qual o site Politico teve acesso este mês, a justificativa seria que o patriarca tem sido “um dos mais proeminentes apoiadores da agressão militar russa contra a Ucrânia”. Essa medida precisaria ser aprovada pelos estados-membros.