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Nuvens sobre a Basílica de São Pedro, no Vaticano | Alessandro Bianchi/Reuters
Nuvens sobre a Basílica de São Pedro, no Vaticano| Foto: Alessandro Bianchi/Reuters

Curitiba

"Bento XVI ama a vida contemplativa", diz dom Moacyr José Vitti

Yuri Al’Hanati

O novo Papa deve ser jovem e com vocação missionária, assim fala o arcebispo metropolitano de Curitiba, dom Moacyr José Vitti, em conversa com a imprensa realizada ontem cúria metropolitana.

"Não acredito que o novo Papa será um conservador, mas será alguém que saiba enxergar os problemas atuais da Igreja", disse.

Gesto

Para o arcebispo, Bento "chegou a um momento em que já não havia mais condições de continuar por causa de sua saúde". Em um mundo de personagens apegados ao poder, dom Moacyr disse que o gesto do Papa "é muito bonito" e sugeriu que o futuro Sumo Pontífice pode ser brasileiro.

"Durante muitos anos o Papa foi escolhido dentro da Europa. Agora, a Igreja Católica está em um momento missionário, em que ela deve fazer uma evangelização, e acho que seria muito importante ter um Papa brasileiro, latino-americano, asiático ou africano para esse fim".

Contemplação

Pelo perfil de Bento XVI, dom Moacyr disse que ele deverá se dedicar a uma vida monástica depois de deixar o pontificado. "Ele tem um amor muito grande pela vida contemplativa, até por isso ele assumiu o nome Bento, por causa do grande monge que foi São Bento [fundador da Ordem dos Beneditinos]. Acredito que ele vá para um mosteiro viver seus últimos dias de vida na contemplação, no silêncio e na paz".

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A missa tradicional de Quarta-Feira de Cinzas mudará de lugar: em vez de numa pequena igreja em Roma, ela será realizada na Basílica de São Pedro, no que deve ser a última missa aberta do Papa Bento XVI. Será o começo da sua despedida, até que ele deixe o cargo no próximo dia 28.

Um dia antes de deixar o Trono de Pedro, Bento XVI terá sua última audiência geral, também numa quarta-feira. Ela será transferida do Salão de Audiências do Vaticano para a Praça de São Pedro, que tem capacidade para abrigar centenas de milhares de pessoas.

O dia 27 deverá ser, de fato, a última chance de os fiéis verem Bento XVI ainda como chefe da Igreja Católica. Será o último ato de seu pontificado.

Os eventos fazem parte da agenda que o Papa cumprirá até o final, enquanto a Santa Sé começa a organizar sua saída.

"A última audiência geral será no dia 27 de fevereiro. [Será] na Praça de São Pedro porque haverá muita gente", explicou o padre Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano.

Na próxima Quarta-Feira de Cinzas, além da missa, o Papa vai presidir a procissão, a bênção e a imposição das cinzas – mas não na Igreja de São Anselmo e na Basílica de Santa Sabina.

Após deixar o cargo, Bento XVI irá para a residência de verão, em Castelgandolfo, ao sul de Roma. E depois, quando seu sucessor já tiver sido escolhido, deverá se mudar para um convento dentro dos muros do Vaticano, trocando um palácio apostólico do século 16 por uma residência moderna e sóbria.

A Santa Sé ressalta que ele não terá mais um papel oficial e descarta a sua influência no processo de sucessão.

"O Papa disse que empregará seu tempo em orações e reflexão, e não terá responsabilidade alguma na liderança da Igreja ou qualquer responsabilidade administrativa ou de governo. Isso está completamente claro", afirmou Lombardi.

Marca-passo

O Vaticano admitiu ontem que o Papa usa um marca-passo há dez anos, instalado na época em que Joseph Ratzinger era prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. A declaração veio depois de um jornal italiano revelar uma cirurgia há três meses. Ela foi feita para substituir as baterias do aparelho.

"[A troca de baterias] não teve influência na decisão", afirmou Lombardi.

Giovanni Maria Vian, diretor do jornal L’Osservatore Romano, do Vaticano, disse que apenas os colaboradores mais próximos sabiam da decisão de Bento XVI e que mantiveram segredo sobre ela.

"Isso mostra que, embora o escândalo [do vazamento de documentos secretos] tenha sido horrível, há na Santa Sé funcionários sérios e confiáveis", disse Vian.

Segundo o diretor do jornal, ao retornar da viagem ao México e a Cuba, no ano passado, Bento XVI percebeu que "suas forças estavam diminuindo". Foi então que tomou a decisão de renunciar.

Sem tempoEncíclica sobre a fé, prometida para este ano, não será publicada

Da Redação

A encíclica do Papa Bento XVI por ocasião do Ano da Fé, prometida para o primeiro semestre deste ano, não será mais publicada, avisou ontem o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, padre Federico Lombardi.

Segundo informações da agência católica ACI Digital e do canal católico de televisão EWTN, não haveria tempo de traduzir, publicar e divulgar o texto antes do fim de fevereiro.

Isso não significa, no entanto, que as reflexões sobre o tema e que já tenham sido colocadas no papel por Joseph Ratzinger não possam ser publicadas; mas, se isso ocorrer, o texto não poderia ser classificado como uma encíclica, pois o pontificado já estaria encerrado.

"Se mais adiante Bento XVI nos fizer partícipes de suas reflexões, seria genial", disse Lombardi, segundo a ACI Digital.

O Ano da Fé foi anunciado por Bento XVI em 2011 e começou em 11 de outubro do ano passado (no cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II), com encerramento em 24 de novembro deste ano. É uma convocação aos católicos para um aprofundamento na fé cristã, com especial ênfase no estudo do Catecismo da Igreja Católica.

Assim, Bento XVI encerrará seu pontificado tendo publicado três encíclicas: Deus caritas est, de 25 de dezembro de 2005; Spe salvi, de 30 de novembro de 2007; e Caritas in veritate, de 29 de junho de 2009.

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