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A Igreja Presbiteriana americana ordenará neste sábado pela primeira vez um pastor abertamente homossexual: Scott Anderson, que há duas décadas decidiu revelar que era gay e se viu obrigado a renunciar ao posto em sua congregação na Califórnia.

A ordenação, que marca mais um passo de uma Igreja protestante pela aceitação de homossexuais no clero, acontece após décadas de debate. Em maio deste ano, com o endosso da assembleia nacional presbiteriana, a Igreja resolveu remover de sua constituição a obrigação de um clérigo de estar "dentro do convênio do casamento entre um homem e uma mulher, ou da castidade no celibato".

Numa entrevista recente em sua atual igreja, no Winsconsin, Anderson, de 56 anos, relembrou o dia em que teve que tomar a decisão após ter sua sexualidade descoberta por um casal, que ameaçou denunciá-lo. "Foi realmente o pior e o melhor momento da minha vida", disse Anderson. "O melhor porque pude pela primeira vez dizer que eu era gay. Mas houve também tristeza por ter que deixar o que eu amava."

Jennifer Sauer, que frequenta a atual Igreja de Anderson no Winsconsin, disse que ele está emocionado com a ordenação. "Qualquer um que conheça Scott vê seu extraordinário dom como pastor, sua habilidade de pregar a palavra, sua humildade", disse Sauer.

Conservadores questionamMas membros mais conservadores como Tom Hay, diretor de operações da Assembleia Geral da Igreja Presbiteriana, ameaçaram abandonar a Igreja. "Os episcopais, luteranos, a Igreja Unida de Cristo: todos deram esse passo e tiveram perdas", afirma Hay. "Acho que nós perderemos também."

Várias razões foram citadas pelos defensores das mudanças na Igreja Presbiteriana, entre elas a tendência à aceitação da união do mesmo sexo na sociedade americana e o pouco interesse, entre membros do próprio clero, de continuar com o debate.

O pastor Scott Anderson conta que decidiu que queria ser pastor no ensino médio, e que só anos depois descobriu sua orientação sexual. No primeiro ano como seminarista, se apaixonou por outro homem. "Naquele momento, eu tive que tomar a decisão: Sigo a regra e continuo no armário, ou saio, passo a ser honesto comigo mesmo e deixo o seminário?",conta.

A primeira opção foi pela religião. Anderson diz que esperava que a decisão fosse recebida com rejeição, mas a resposta por parte de sua então congregação o surpreendeu: recebeu apoio emocional e um cheque para cobrir os estudos regulares. Ele acabou indo para uma congregação diferente.

A ordenação deste sábado significa que ele passará a ter as tarefas que já tem. A diferença é que poderá novamente realizar sacramentos.

Para o pastor, ao aceitar homossexuais a Igreja Presbiteriana ficará mais fortalecida. "Isso realmente mostra para a sociedade que temos uma Igreja que não fala apenas em ser criado à imagem e semelhança de Deus e sim que somos criados para se relacionar uns com os outros. Isso dará à Igreja Presbiteriana muito mais integridade em seu testemunho da fé cristã", disse.

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