O Vaticano reconheceu ontem que existem casos de abuso sexual de crianças cometidos por sacerdotes no Brasil e afirmou que os responsáveis não eram bispos, mas sim padres, indicou Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé.
Lombardi se pronunciou sobre denúncias feitas pelo site UOL Notícias, após o programa de televisão "Conexão Repórter", do SBT, ter mostrado matéria em que vários alunos relatam casos de abusos por parte de "dois monsenhores e um sacerdote".
O porta-voz do Vaticano reconheceu que dois dos três religiosos citados possuíam o título honorífico de "monsenhor", embora fossem padres. Apesar de, normalmente, o título de monsenhor ser atribuído aos bispos, ele também pode ser conferido como título honorário a simples sacerdotes que exercem determinados ofícios eclesiásticos.
Reação
O site UOL Notícias informou que a Igreja brasileira afastou no final de semana passado das funções eclesiásticas "dois monsenhores e um padre" do município de Arapiraca, a 130 km de Maceió (AL), depois de terem sido acusados de pedofilia por alunos de um coro e por seus familiares.
Os religiosos devem responder a um inquérito policial por causa de denúncias feitas por ex-coristas e familiares das supostas vítimas.
Um vídeo mostra um dos dois "monsenhores", Luiz Marques Barbosa, 82 anos, no momento em que mantém relações sexuais com um jovem de 19 anos. O jovem que divulgou as gravações contou que, desde os 12 anos, quando entrou para a Igreja, era alvo do assédio sexual por parte do chamado "monsenhor".
De acordo com o advogado de Barbosa, conhecido por ser um dos religiosos mais conservadores da região, as relações sexuais filmadas foram consentidas e ele negou que se tratasse de pedofilia.