A arquidiocese de Munique, na Alemanha, anunciou ontem a suspensão de um padre acusado de pedofilia há mais de 30 anos, durante o período em que o Papa Bento XVI, então Joseph Ratzinger, era arcebispo da cidade. O padre, Peter Hullermann, foi suspenso depois que a Igreja confirmou na última sexta-feira que ele continuava a trabalhar com crianças mesmo após uma proibição emitida em 2008. A arquidiocese também aceitou a renúncia de seu superior, Josef Obermaier.
O Papa envolveu-se na decisão de enviar Hullermann para sessões de terapia, em 1980, depois que outra diocese, a de Essen (no oeste alemão), requisitou sua transferência devido ao surgimento das alegações.
Em comunicado, a arquidiocese de Munique afirmou que o padre foi removido de suas funções e proibido de realizar qualquer trabalho com jovens depois de "alegações de abusar sexualmente de crianças e de uma condenação no sistema de Justiça". A arquidiocese acrescentou que não houve mais reclamações contra o padre desde sua condenação em 1986.
As decisões ocorrem em um momento em que a Igreja alemã é pressionada a responder às denúncias de abusos físicos e sexuais contra crianças. As alegações na Alemanha vem à tona poucas semanas após ter sido revelado que o abuso sexual era sistemático na Igreja Católica na Irlanda, e resultou em alegações semelhantes na Holanda e na Áustria.
O mais alto dirigente da Igreja Católica da Irlanda, o cardeal Sean Brady, disse no domingo que só vai renunciar a pedido do Papa. Brady é pressionado por sua participação em um caso ocorrido em 1975, em que duas vítimas de um padre tiveram de assinar um juramento de confidencialidade. O padre mais tarde admitiu ter molestado 90 crianças em mais de 40 anos.
Resposta
Políticos católicos e ativistas alemães pressionam para que o Papa se pronuncie sobre os casos de abuso sexual cometidos por padres. Bento XVI também vem recebendo duras críticas da mídia por não ter se manifestado oficialmente, após ser informado sobre os escândalos na última sexta-feira pelo líder da Igreja na Alemanha, arcebispo Robert Zollitsch. De acordo com o arcebispo Rino Fisichella, o Papa deve divulgar em breve uma carta sobre as alegações na Irlanda, onde deve falar com "uma voz clara e decisiva, sem esconder nada".