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O papa Bento XVI denunciou neste sábado, em uma carta aos fiéis irlandeses, "graves erros" de julgamento cometidos pelo Episcopado da Irlanda, acusado de ter encoberto, durante décadas, casos de abusos sexuais contra crianças cometidos por padres.

Bento XVI, que não se referiu às denúncias em outros países da Europa ou no Brasil, anunciou a abertura de uma investigação em várias dioceses da Irlanda, em seminários e em congregações religiosas.

A Igreja Católica da Irlanda foi criticada por ocultar, segundo relatório de uma investigação oficial publicado em novembro passado, os abusos sexuais cometidos por padres da região de Dublin envolvendo centenas de crianças durante várias décadas.

O documento, de mais de 700 páginas, fala sobre a atitude da hierarquia católica no arcebispado de Dublin entre os anos 1975 a 2004. Acusa, principalmente, quatro arcebispos por não terem denunciado à polícia que sabiam dos abusos sexuais, cometidos a partir dos anos 60.

Na carta, que o papa anunciou em sermão na quarta-feira passada (17), ele expressa ainda "muita desolação" e pede desculpas às vítimas, manifestando a vergonha e o remorso de toda a Igreja Católica ante o escândalo de pedofilia.

"Vocês sofreram gravemente e eu sinto muito, verdadeiramente", disse Bento 16, em uma medida inédita que visa a recuperar a confiança da Igreja Católica. "É compreensível que vocês achem difícil perdoar e se reconciliar com a Igreja. Em nome dela, eu abertamente expresso a vergonha e o remorso que nós sentimos".

O papa não cita qualquer responsabilidade do Vaticano no escândalo ou medidas de punição específicas para os bispos que esconderam os casos de abuso. Diz apenas que os bispos devem continuar a colaborar com as autoridades civis na investigação.

A carta encerra com uma oração para os fiéis meditarem enquanto tentam reconstruir a Igreja.

"Que nosso arrependimento e nossas lágrimas tragam uma abundante colheita de graça para o aprofundamento da fé nas nossas famílias".

Internacional

Os casos de pedofilia atingiram ainda a Holanda, onde a Igreja Católica recebeu 350 denúncias de pessoas que afirmam ter sofrido abusos sexuais por parte de membros do clero entre os anos 50, 60 e 70.

Na Alemanha, as denúncias de pedofilia chegam a 120 e teriam ocorrido entre as décadas de 1970 e 1980 em escolas jesuítas locais. O caso envolveu até mesmo o sacerdote Georg Ratzinger, irmão do papa, que liderava os rapazes do coro da catedral de Regensburg. O sacerdote negou saber dos casos de abusos e foi inocentado pelo Vaticano.

O Vaticano reconheceu ainda os abusos cometidos por dois monsenhores e um padre do município de Arapiraca, a 130 quilômetros de Maceió (AL), depois de terem sido acusados de pedofilia por alunos de um coro e por seus familiares.

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