Nova Iorque – Após pelo menos oito horas e dez rodadas de votação, a Assembléia Geral da ONU não conseguiu eleger ontem o país que ocupará o assento reservado para América Latina e Caribe entre os dez membros não-permanentes do Conselho de Segurança (CS). A votação será retomada hoje.

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O impasse foi provocado pela alta polarização que acabou por transformar cada voto em um veredicto pró ou anti-Washington, a depender do candidato escolhido: ou a Guatemala, oficialmente apoiada pelo governo americano, ou a Venezuela do presidente Hugo Chávez.

Para Chávez, que tornou a candidatura ao CS um dos eixos de sua política externa, o resultado até agora é um golpe na sua ambição de consolidar-se como um interlocutor global.

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Mesmo sua América Latina – região em que, aliás, o venezuelano colecionou atritos – votou dividida. A Guatemala saiu vencedora em oito das nove votações, mas em nenhuma delas obteve a maioria de dois terços dos 192 votos, condição necessária para a eleição. Apenas na sexta houve empate (93 votos). A votação dos dois adversários oscilou a cada rodada. Na última, a Venezuela obteve 77 votos, contra 110 da Guatemala. Houve cinco abstenções. O voto é secreto.

"Acho que está bastante claro que há um candidato com forte predominância de votos’’, disse o embaixador dos EUA na ONU, John Bolton, após a quarta votação.

Já o embaixador venezuelano, Francisco Cárdenas, acusou os EUA de transformar a votação em uma competição entre Washington e Caracas, e disse que os pareceres a favor da Venezuela eram "votos de consciência’’ em prol dos países em desenvolvimento.

O caso mais notório de impasse na eleição de um membro não-permanente ao CS da ONU foi a disputa entre Cuba e Colômbia, em 1979, em plena Guerra Fria. Foram necessários três meses e 155 votações até que se chegasse a um vencedor – que não foi nenhum dos dois. A vaga em questão ficou com o México.