O comitê Judiciário da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta sexta-feira (13) duas acusações, de abuso de poder e obstrução do Congresso, contra o presidente Donald Trump, dando seguimento ao processo de impeachment do republicano. Foram 23 votos a favor, dos democratas; e 17 contrários, dos republicanos.
Os dois artigos devem ser votados pelo plenário da Casa na semana que vem e é amplamente esperado que sejam aprovados, já que os democratas são maioria na Câmara - apesar de não haver consenso no partido. Se isso ocorrer, Trump se tornará o terceiro presidente na história dos Estados Unidos a ser impugnado – a curta lista é composta por Andrew Johnson (1868) e Bill Clinton (1998), mas eles acabaram sendo salvos pelo Senado, o que também deve acontecer com Trump. Na esteira do escândalo de Watergate, em 1974, Richard Nixon renunciou antes que o impeachment fosse votado pela Câmara.
O artigo sobre abuso de poder afirma que Trump solicitou interferência do governo da Ucrânia nas eleições presidenciais de 2020 ao pedir que o presidente ucraniano anunciasse uma investigação contra o filho do seu rival político, Joe Biden, colocando como moeda de troca a liberação de uma ajuda militar à Ucrânia. "O presidente Trump se engajou neste esquema ou curso de conduta por motivos corruptos em busca de benefícios políticos pessoais", afirma o texto aprovado pelo comitê.
O artigo sobre abuso de poder refere-se à conduta de Trump ao instruir funcionários do Executivo a não cumprir intimações e a não cooperar com as investigações do Comitê de Inteligência da Câmara sobre a atuação de Trump em relação à Ucrânia.
Próximos passos
Mesmo que o impeachment seja aprovado na Câmara, tirar o presidente do cargo requer também o aval de dois terços do Senado, onde os republicanos ainda são maioria e não há indicativos de que eles queiram confrontar Trump, principalmente neste momento em que o presidente tem grande aprovação entre os eleitores republicanos.
Antes da votação, porém, Trump deve passar por um julgamento no Senado, supervisionado pelo presidente da Suprema Corte. Esse processo pode até ser bloqueado pelo presidente da Casa, o republicano Mitch McConnell, que já disse que "não há chance" de que o Senado vote para remover Trump do cargo.
Reação da Casa Branca
A Casa Branca divulgou um comunicado dizendo que a aprovação das acusações contra Trump no Comitê Judiciário da Câmara é desesperada e vergonhosa. "O presidente espera receber no Senado o tratamento justo e o devido processo que continua a ser vergonhosamente negado a ele pela Câmara", afirmou o Executivo.
Conversando com repórteres no Salão Oval da Casa Branca, Trump disse que os democratas estão banalizando o impeachment e voltou a chamar o processo de "caça às bruxas" e "farsa". O presidente defende que seu telefonema ao presidente ucraniano, que está no centro das discussões do impeachment, foi perfeitamente normal.
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