O presidente dos EUA, Donald Trump, após coletiva de imprensa com o presidente da Finlândia, Sauli Niinisto na Casa Branca, Washington, 2 de outubro de 2019| Foto: SAUL LOEB / AFP

O presidente da Comissão de Inteligência da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, o democrata Adam Schiff, acusou nesta quarta-feira, 2, o secretário de Estado, Mike Pompeo, de tentar obstruir a investigação para começar um julgamento político contra o presidente Donald Trump.

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Schiff e outros democratas líderes das comissões de Relações Exteriores e de Supervisão e Reforma no Congresso encarregados de investigar processos políticos contra o presidente ameaçaram forçar a Casa Branca a fornecer documentos relacionados com o caso da Ucrânia. Eles anunciaram que enviarão formalmente uma convocação ao Executivo na sexta-feira para que entregue esses documentos, se não cumprirem a solicitação de modo voluntário até lá.

"Queremos deixar muito claro que qualquer esforço do secretário, do presidente ou de qualquer outra pessoa para interferir com a capacidade do Congresso de convocar testemunhas relevantes, será considerado como evidência de obstrução das funções legais do Congresso", disse Schiff em entrevista coletiva no Capitólio ao lado da presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi.

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Schiff afirmou estar profundamente preocupado com o esforço de Pompeo para interferir com a aparição de testemunhas frente à sua comissão. "Muitos deles são mencionados na denúncia na queixa do informante", destacou.

Pompeo anunciou ontem que os funcionários do Departamento de Estado que foram convocados pelo Congresso para depor em breve sobre a relação do país com a Ucrânia não o farão, no meio da investigação legislativa para um possível julgamento político iniciado por Pelosi na semana passada.

Nesta quarta-feira, em uma coletiva de imprensa, o presidente Trump alegou que Schiff "ajudou a escrever" a denúncia do informante, mas não apresentou evidências, segundo a CNN.

A líder democrata anunciou na semana passada a investigação por causa de uma conversa por telefone em julho entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. Nela, o chefe de governo dos EUA pede uma investigação contra o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter por um suposto caso de corrupção no país do Leste Europeu.

Questionada se o conteúdo da conversa é suficiente para começar investigações preliminares, Pelosi respondeu que sim e considerou que Trump comprometeu a segurança dos EUA. "(Trump) Estava minando a nossa segurança nacional e o seu juramento para proteger e defender a Constituição porque estava derrubando uma ação do Congresso por sua conta, além de minar a integridade das nossas eleições", argumentou.

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A presidente da Câmara se referia a uma ajuda militar a Kiev de cerca de US$ 400 milhões que Trump bloqueou até semanas depois da conversa com Zelensky, mesmo depois da aprovação do Congresso. "Realizar uma investigação para acusar um presidente não é algo de que se alegrar. Não sei de ninguém que esteja contente, é um momento triste", declarou.

O presidente Trump negou ter exercido qualquer pressão e denunciou, na noite de terça-feira, um "golpe de Estado" liderado pelos democratas.

Esse procedimento, raro na história dos Estados Unidos, abala a campanha eleitoral para as eleições presidenciais de novembro de 2020, na qual Trump tentará obter um segundo mandato.