A Câmara dos Deputados dos EUA avançou no processo de impeachment contra o presidente Donald Trump nesta terça-feira (17), com uma reunião do Comitê de Regras para estabelecer os critérios para o debate que vai determinar na quarta-feira se a conduta de Trump em relação à Ucrânia violou o seu juramento de posse.
Após a reunião do comitê, Trump enviou uma carta de seis páginas à presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, expressando o seu "mais forte e poderoso protesto" contra o impeachment, que ele descreveu como uma "cruzada" partidária dos democratas.
"Esse impeachment representa um abuso de poder sem precedentes e inconstitucional pelos legisladores democratas, inigualável em quase dois séculos e meio de história legislativa americana", escreveu ele.
"Isso não é nada mais do que uma tentativa partidária e ilegal de golpe que irá, com base na posição recente, fracassar horrivelmente nas urnas", afirmou ainda o republicano.
Trump também disse a jornalistas na Casa Branca que ele assume "zero" de responsabilidade pelo fato de estar prestes a sofrer impeachment. Ele enfrenta dois artigos de impeachment: abuso de poder e obstrução do Congresso.
No centro do processo dos democratas está a alegação de que ele tentou usar uma reunião na Casa Branca e ajuda militar, desejadas pela Ucrânia para combater a agressão militar russa, para pressionar o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky a iniciar uma investigação sobre o ex-vice-presidente Joe Biden e seu filho Hunter Biden.
Trump também é acusado de buscar uma investigação sobre a teoria infundada de que a Ucrânia conspirou com os democratas para interferir nas eleições presidenciais de 2016.
Na quarta-feira, uma votação processual por toda a Câmara dará início ao debate, que deve durar várias horas, culminando na votação dos artigos do impeachment.
Uma coalizão de grupos progressistas planeja realizar mais de 400 manifestações em todo o país na noite de terça-feira pedindo o impeachment de Trump.
De maneira geral, 49% dos americanos dizem que Trump deve sofrer impeachment e ser destituído do cargo, enquanto 46% dizem que não, segundo uma pesquisa do Washington Post e da ABC News. A pesquisa também mostra que, independentemente de Trump ter cometido uma infração passível de impeachment, 49% dizem que ele pressionou indevidamente a Ucrânia a investigar Biden e seu filho, enquanto 39% dizem que Trump não fez isso.
Apenas dois presidentes americanos sofreram impeachment pelo Congresso: Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton em 1998 - ambos foram salvos pelo Senado. O presidente Richard Nixon renunciou antes que a Câmara pudesse votar em artigos de impeachment no escândalo de Watergate em 1974. Os legisladores redigiram três artigos contra Nixon, incluindo acusações de "altos crimes e contravenções" que refletem as alegações de abuso de poder e obstrução que Trump agora enfrenta.
Os historiadores observaram que a Câmara deve votar o impeachment de Trump em 18 de dezembro - um dia antes do 21º aniversário da votação na Câmara para o impeachment de Clinton.
Se a Câmara votar a favor do impeachment de Trump, o julgamento no Senado deve começar no início de janeiro.
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