O Senado dos Estados Unidos absolveu nesta quarta-feira (5) o presidente Donald Trump das acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso no processo de impeachment contra o republicano, como era esperado.
Na votação sobre a acusação de abuso de poder, 48 senadores votaram pela condenação de Trump, enquanto 52 votaram pela sua absolvição. Na acusação de obstrução de congresso, Trump foi considerado "culpado" por 47 senadores e "inocente" por 53 senadores.
Para que Trump fosse destituído do cargo, eram necessários dois terços dos votos dos senadores - 67 votos em pelo menos um dos artigos de impeachment. Os republicanos têm maioria de 53 de um total de 100 senadores.
O processo de impeachment foi aberto pela Câmara, de maioria democrata, que acusou Trump em dezembro por ter pedido ao presidente da Ucrânia que investigasse o seu rival político Joe Biden e por ter bloqueado uma ajuda militar crucial ao país que havia sido aprovada pelo Congresso americano.
O único congressista que contrariou o seu partido foi o senador republicano Mitt Romney, que foi candidato à presidência em 2012. Ele havia anunciado mais cedo que votaria pela condenação de Trump. O senador disse que Trump é "culpado de um terrível abuso de confiança" e que o presidente cometeu "um flagrante assalto a nossos direitos eleitorais, nossa segurança nacional e nossos valores fundamentais".
"Corromper uma eleição para se manter no cargo é talvez a violação mais abusiva e destrutiva do juramento de cargo que eu possa imaginar", acrescentou o senador republicano. De acordo com a CNN, Romney foi o primeiro senador na história dos EUA a votar pela condenação de um presidente do mesmo partido.
Logo após o fim do julgamento, Trump publicou em sua conta pessoal no Twitter um vídeo com uma montagem da capa da revista Time que mostra cartazes de campanha do republicano para 2024, 2028 e além. O presidente anunciou que fará um pronunciamento amanhã da Casa Branca "para discutir a vitória do nosso país na fraude do impeachment".
Eleições
O processo de impeachment não parece ter abalado a aprovação de Donald Trump, que está em campanha para ser reeleito em novembro deste ano. A aprovação do presidente subiu para 49%, o índice mais alto registrado pelo governo do republicano desde a sua posse em 2017, segundo uma pesquisa do Instituto Gallup divulgada na terça-feira.
Essa pesquisa revelou também a profunda polarização que a nação norte-americana está vivendo, já que a diferença entre as percepções de republicanos e democratas nunca foi tão grande em nenhuma pesquisa anterior do Gallup; a aprovação de Trump é de 94% entre os republicanos e de 7% entre os democratas.
O cenário de divisão foi sentido no discurso sobre o Estado da União de Trump na noite de terça-feira. O presidente foi recebido com gritos de "mais quatro anos" dos republicanos, que aplaudiram todas as falas de Trump com entusiasmo, enquanto democratas permaneceram em silêncio durante quase todo o discurso.
Entenda as acusações
No centro das acusações contra Trump está o suposto "quid pro quo", ou troca de favores, entre o norte-americano e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. Entre julho e setembro do ano passado, Trump teria usado os privilégios do cargo para pressionar o governo da Ucrânia a investigar o democrata Joe Biden, pré-candidato presidencial e um dos maiores obstáculos à sua reeleição. Em seguida, quando os congressistas começaram a investigar o caso, a Casa Branca escondeu documentos e vetou o depoimento de assessores.
Os dois artigos de impeachment encaminhados ao Senado dizem o seguinte:
Artigo 1 - Abuso de poder:
A primeira acusação diz respeito ao pedido feito por Trump à Ucrânia para que investigasse seu possível adversário eleitoral em 2020, o ex-vice-presidente dos EUA Joe Biden. Em troca, Trump daria uma crucial ajuda militar para o país que enfrenta uma guerra com separatistas pró-russos.
Artigo 2 - Obstrução do Congresso:
A segunda acusação se refere à tentativa de bloquear os esforços dos legisladores para investigar as ações do presidente republicano, que teria instruído funcionários do governo a não obedecer intimações para depor durante as investigações dos comitês da Câmara.
Trump se tornou em dezembro o terceiro presidente dos EUA a ter seu impeachment aprovado pela Câmara de Representantes, depois de Andrew Johnson em 1868 e Bill Clinton em 1998. Richard Nixon renunciou à presidência em 1974 antes que a Câmara pudesse votar em artigos de impeachment relacionados ao escândalo de Watergate.
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