O presidente da Alemanha, Christian Wulff, tornou-se alvo de críticas nessa terça-feira (03) dos principais meios de comunicação do país, assim como de uma denúncia da promotoria de Berlim, por ter tentado impedir a publicação de uma matéria no jornal "Bild" sobre um empréstimo recebido por ele da esposa do empresário Egon Geerkens para comprar um imóvel.
A promotoria da capital confirmou ter recebido uma denúncia contra Wulff por intimidação. Ao mesmo tempo, a União Democrata-Cristã (CDU), da chanceler Angela Merkel, é cada vez mais criticada por ter pressionado o grupo Springer, que edita o jornal "Bild", a não publicar a matéria sobre o presidente.
Além disso, nos últimos dias, Wulff foi alvo de cerca de vinte denúncias contra o recebimento do empréstimo, entre outras acusações de favorecimento, na época em que ele era primeiro-ministro da Baixa Saxônia
Nenhuma das denúncias, até o momento, tornou-se um processo. Segundo os especialistas, a acusação de intimidação da imprensa é a que tem mais chance de seguir adiante.
Os principais meios de comunicação alemães, como o conservador "Frankfurter Allgemeine" e o progressista "Süddeutsche Zeitung", questionam a continuidade de Wulff como presidente e criticam a violação de direitos constitucionais como a liberdade de imprensa.
O jornal "Süddeutsche Zeitung" foi o primeiro a divulgar a intimidação. Posteriormente, a própria redação do "Bild" confirmou que Wulff chegou a ligar para o diretor da publicação, Kai Dieckmann, e para o chefe do grupo editorial Springer, Mathias Döpfner, para tentar impedir a veiculação da notícia.
O "Frankfurter Allgemeinen", em editorial, criticou as relações entre o "Bild" e o grupo Springer e o CDU. Já o "Süddeutsche Zeitung" afirma que "um homem que enche a boca para falar da liberdade de imprensa, mas não a respeita, é um falso presidente".
Enquanto os jornais publicam quase diariamente supostos casos de favorecimento e coleguismo de Wulff, o partido da chanceler mantém um silêncio sepulcral.
Há alguns dias, Merkel expressou várias vezes seu apoio ao presidente, que chegou ao cargo em junho de 2010 após a renúncia de Horst Köhler.
As tentativas de Wulff, que chegou a deixar uma mensagem de correio de voz ameaçando o chefe do grupo Springer, no entanto, não foram suficientes para impedir a publicação da matéria sobre o empréstimo que teria recebido.
Em 13 de dezembro, o "Bild" denunciou que Wulff recebeu em 2008 um empréstimo de 500 mil euros da esposa do magnata Geerkens e obteve uma taxa de juros mais baixa do que é normalmente cobrada.
Dois dias antes do Natal, sob forte pressão, ele pediu desculpas publicamente em relação ao empréstimo e por não ter informado sobre ele.
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