Jornais britânicos atacaram nesta sexta-feira (20) as nomeações do primeiro presidente e da primeira chanceler da União Europeia. Parte da imprensa questionou o peso político dos nomeados, avaliando que eles poderiam ter dificuldades no cenário mundial. Os jornais também protestaram contra o processo secreto da seleção dos dois novos líderes, em Bruxelas. Um deles chegou a dizer que a ação era "um tapa na cara dos princípios fundamentais da democracia britânica".

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O "Daily Mail" qualificou a nova chanceler, Catherine Ashton, como uma desconhecida do Partido Trabalhista e o novo presidente o belga Herman Van Rompuy, como um federalista fanático que quer criar impostos. "A boa notícia? Pelo menos não é (o ex-primeiro-ministro britânico Tony) Blair", ironizou o diário. A Grã-Bretanha desistiu de sua campanha para eleger Blair o primeiro presidente da UE. Com isso, Van Rompuy acabou recebendo aprovação unânime no encontro em Bruxelas.

O "Financial Times" disse que Van Rompuy e Catherine "iriam lutar para parar o tráfico (de pessoas) em suas próprias cidades" e que as nomeações podem lançar dúvidas se eles serão capazes de competir em Washington ou Pequim. "A escolha de dois relativamente desconhecidos desaponta aqueles que queriam dar à Europa mais peso no cenário mundial", analisou o "FT". "Mas provavelmente o presidente dos EUA e o primeiro-ministro chinês continuarão a trabalhar com a Europa primariamente por meio de conversas bilaterais com Berlim, Londres e Paris", previu o diário.

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O "The Guardian" fez análise semelhante, afirmando que as nomeações atrapalham os planos da União Europeia de levar o mundo a prestar mais atenção no bloco. Segundo o "Guardian", foi desperdiçada uma valiosa chance de ganhar peso diante do chamado G-2 (EUA e China). O jornal espanhol "El País" também adotou linha semelhante, notando que foram escolhidas "figuras débeis" para o tamanho dos desafios que o bloco tem pela frente.

Tabloides

Os tabloides foram mais duros, notando o fato de que a dupla foi escolhida durante um jantar de líderes, e não eleitos pelos europeus. O subeditor de política do "Sun", Graeme Wilson, chegou a dizer que a falta de representatividade do processo mostra "novamente como esse desacreditado império europeu está podre até a raiz".

Já o mais sóbrio editor do "The Times", Philip Webster, notou que o grande derrotado era Blair, preterido na disputa mesmo com o apoio do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Webster lembrou que o passado atrapalhou o ex-líder, por sua aliança com George W. Bush e o apoio à guerra no Iraque.

O "Times" apostou que Catherine pode ter um bom desempenho no posto de chanceler, após construir uma reputação como comissária de comércio da UE, de uma negociadora que consegue resultados. "Ela pode não parar o tráfico (de pessoas), mas é uma boa construtora de pontes e esse agora é o trabalho dela", avaliou um diplomata que pediu anonimato. As informações são da Dow Jones.

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