Os incêndios continuavam a avançar neste domingo (8) nas florestas da região de Fort McMurray, no Canadá, enquanto milhares de desabrigados que perderam tudo encontravam algum conforto no espírito de solidariedade dos canadenses.
Cansados e desmoralizados por dias de um combate infrutífero contra o que eles chamam de “a besta”, os bombeiros admitem que estes gigantescos incêndios devem continuar nos próximos meses.
“A menos que haja uma precipitação de 100 mm, esperamos lutar contra o fogo em áreas florestais durante os próximos meses, o que não é incomum dada a magnitude dos incêndios”, admitiu Chad Morrison, diretor do serviço de incêndios de Alberta.
O avanço do fogo é tal que poderia chegar à fronteira com a província vizinha de Saskatchewan, localizada a cerca de 60 km de Fort McMurray, acrescentou.
Cerca de 2 mil km2 de florestas e bairros inteiros da cidade foram queimados na noite de sábado - uma área equivalente a três quartos do Luxemburgo.
Diante dos incêndios fora de controle, os 500 bombeiros mobilizados se concentram principalmente em preservar as estruturas vitais (telecomunicações, eletricidade, gás, água).
Por sua vez, os serviços de emergência e da polícia protegem a cidade. Serão necessários vários dias para limpar os escombros e reabilitar as infraestruturas, antes do retorno de parte dos habitantes ao centro e a outros bairros residenciais poupados.
“O gás foi cortado, a rede elétrica danificada e grande parte da cidade não tem eletricidade neste momento, enquanto a água não é potável”, declarou no sábado à noite a primeira-ministra da Alberta, Rachel Notley.
“Há uma grande quantidade de produtos ou materiais perigosos que devem ser retirados e muitas outras coisas a fazer antes que a cidade volte a ser segura”, acrescentou.
O governo tem se mobilizado para apoiar os habitantes de Fort McMurray, embora a maioria das 100 mil pessoas evacuadas da área tenha encontrado abrigo com amigos ou familiares.
Mas dezenas de milhares de pessoas permanecem espalhadas em Alberta em abrigos de emergência, campings ou em estradas em enormes caravanas. Precisam de alimentos, roupas e produtos de higiene, como fraldas.
Em Lac La Biche, primeira grande aldeia ao sul da zona proibida, embalagens de água mineral, roupas e alimentos doados por canadenses e pela Cruz Vermelha são distribuídos por voluntários.
“É incrível ver tudo o que tem sido feito (...), porque muitos estão em necessidade, não têm nada”, disse à AFP Sarah, uma mãe que foi evacuada. “Como eu disse à minha filha no caminho para cá, o importante é estar vivo, o resto são apenas coisas materiais”.
Para Paula, coordenadora voluntária de um abrigo, as pessoas que fugiram de Fort McMurray estão tão angustiadas e ociosas que vão participar da distribuição e acomodar os recém-chegados.
Nos últimos dois dias, muitos dos desabrigados foram evacuados em comboios rodoviários sob escolta da polícia.
Rachel Notley observou que muitas dessas pessoas poderiam ser realocadas nos próximos meses em residências universitárias em Edmonton ou Calgary.
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