Após dez rodadas de votações, foi adiada para terça-feira a eleição do país que substituirá a Argentina como representante da América Latina e Caribe no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) no período entre 2007 e 2008. Nenhum país conseguiu os dois terços dos votos necessários na Assembléia Geral - que tem 192 países.
A Guatemala, que tem o apoio dos Estados Unidos, manteve ligeira vantagem sobre a Venezuela e venceu nove das dez sondagens realizadas. Apenas uma das votações terminou empatada.
O embaixador venezuelano na ONU, Francisco Javier Arias Cardenas, disse que os Estados Unidos tentaram transformar a votação numa disputa entre o seu governo e o de Washington, e que os votos recebidos pela Venezuela foram "votos de consciência" em favor do mundo em desenvolvimento.
- Não estamos competindo com um país irmão. Estamos competindo com a maior potência do planeta - disse ele a jornalistas, acrescentando que a Venezuela não vai abandonar a candidatura.
Já o embaixador dos EUA, John Bolton, disse estar "muito claro que há um candidato com uma forte votação predominante". Mas ele espera novas rodadas.
- Isso está só começando - afirmou.
O Conselho de Segurança tem 15 países, cinco deles permanentes e com poder de veto - EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França - e dez países que se revezam em mandatos de dois anos, alocados por região.
África do Sul, Indonésia, Itália e Bélgica já foram eleitos para substituir, respectivamente, Tanzânia, Japão, Dinamarca e Grécia, a partir de 1º de janeiro. A vaga latino-americana em disputa atualmente é da Argentina. O Peru tem mandato até o final de 2007, junto com República do Congo, Gana, Catar e Eslováquia.
Vários diplomatas disseram que o discurso de setembro do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, na Assembléia Geral não angariou votos para o seu país. Na ocasião, Chávez chamou o presidente americano George W. Bush de "diabo".
- Muita gente achou que foi de mau gosto - disse o embaixador da Tanzânia, Augustine Mahiga.
Mas ele afirmou que a Guatemala poderia ter obtido a vaga com mais facilidade se os EUA não tivessem feito uma campanha tão ostensiva em seu favor.
A própria América Latina está dividida. Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia são considerados eleitores da Venezuela. México, Colômbia e a maior parte da América Central apoiam a Guatemala.
O assunto dividiu o governo chileno, que no domingo anunciou que vai se abster, devido à falta de consenso na América Latina.
A maior parte das decisões do Conselho de Segurança são tomadas pelos cinco membros permanentes, mas declarações políticas precisam do apoio de todos os 15, e uma resolução precisa de nove votos e nenhum veto para ser aprovada.
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