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"Soft power"

Índia e China disputam simpatia de países com diplomacia das vacinas

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China está exportando milhões de doses de vacinas nacionais (Foto: Divulgação/China/AFP)

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A rivalidade entre Índia e China, que tomava forma em escaramuças na fronteira e na retórica diplomática, chegou ao universo das vacinas. Nas últimas semanas, os dois países disputam a simpatia de vizinhos asiáticos e de aliados mais distantes usando o envio de imunizantes como arma principal.

A timidez de europeus e americanos, mais preocupados em vacinar a própria população, ajuda a acirrar a tensão entre indianos e chineses. Nos últimos anos, a China vem intensificando seus investimentos em países como Sri Lanka, Maldivas, Bangladesh e Paquistão, que orbitam na esfera de influência da Índia, aumentando os sinais de alerta em Nova Délhi.

Apenas no mês passado, Pequim despachou mais de 1 milhão de doses por semana para países da África, Oriente Médio e América Latina, além de fornecer 10 milhões de doses para governos de nações de baixa renda por meio da Covax, iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ao todo, a China pretende enviar doses para mais de 60 países.

Em recente declaração, o presidente da China, Xi Jinping, chamou as vacinas chinesas de um "bem público global". Ele associa a produção de suprimentos médicos a uma espécie de "rota da seda da saúde", uma referência à nova rota da seda da China, iniciativa comercial e de investimentos do governo chinês para expandir sua presença em várias partes do mundo.

Estratégia da Índia

Acompanhando a marcha do rival, a Índia também passou a levar a diplomacia da vacina a sério. No dia 17, em discurso no Parlamento, o chanceler indiano, Subrahmanyam Jaishankar, declarou que o programa "Amizade da Vacina", de distribuição de imunizantes para outros países, já é um sucesso. Como os indianos produzem 60% das vacinas do mundo, Nova Délhi tem às mãos uma boa ferramenta para conter o avanço chinês.

Até agora, a Índia já enviou 60 milhões de doses para vários países, incluindo vizinhos, como Nepal, Butão e Mianmar, mas também para alguns distantes, como Barbados e República Dominicana, no Caribe. Os imunizantes são despachados em caixas com a mensagem: "Presente do povo e do governo da Índia". O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, também prometeu 200 milhões de doses para o consórcio Covax.

"Os dois países querem projetar seu poder e mostrar que estão prontos para preencher o vazio deixado pelos EUA em termos de liderança global", afirmou Yanzhong Huang, diretor do Center for Global Health Studies, da Seton Hall University, dos EUA.

A boa vontade dos indianos, no entanto, esbarra nos limites de seu programa de vacinação em massa, um dos mais atrasados do mundo – o que pode provocar alguma instabilidade política se a pandemia se agravar no país.

"O fornecimento de vacinas para outros países continuará nas próximas semanas e nos próximos meses de forma gradual. Mas com certeza os requisitos domésticos para o programa nacional de vacinação serão sempre mantidos", disse Anurag Srivastava, porta-voz da chancelaria indiana.

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