A Índia vai lançar nesta quarta-feira (22) sua primeira missão não-tripulada à Lua, seguindo os passos dos rivais China e Japão, para tentar dar mostras de seu know-how científico e reivindicar uma fatia maior do negócio espacial. O Chandrayaan-1 (veículo lunar), uma espaçonave de formato cúbico montada pela Organização Indiana de Pesquisa Espacial (Isro), será lançado do centro espacial do sul do país nas primeiras horas do dia e entrará na órbita da Lua depois de apenas 16 horas de vôo, disseram os cientistas.
"Vamos à Lua pela primeira vez. A China chegou lá antes, mas hoje estamos tentando alcançá-los, tentando superar essa distância", afirmou Bhaskar Narayan, diretor da Isro. Astronautas chineses foram tratados como heróis nacionais, no mês passado, depois de o país ter realizado sua primeira caminhada espacial. E a Índia não quer ficar para trás. "A Índia deseja que o mundo a veja como uma nação que está avançando e que pode competir no espaço também", disse Amulya Ganguli, analista de política.
Mas a Isro insiste que a missão não gira em torno somente do orgulho nacional. Ela também traria benefícios científicos. O principal objetivo é procurar por hélio 3, um isótopo raro na Terra, mas que é usado no processo de fusão nuclear e que poderia ser uma fonte valiosa de energia no futuro, acreditam alguns cientistas. A substância seria mais comum na Lua, ainda que rara e difícil de ser extraída. A missão deve também realizar uma análise detalhada da superfície lunar em busca de metais preciosos e água. "Vamos elaborar um mapa tridimensional da superfície da Lua", disse Narayan.
O custo do projeto é de US$ 79 milhões, uma cifra bastante inferior às das missões chinesa e japonesa de 2007. Durante os dois anos em que a espaçonave ficar em órbita da Lua, uma pequena sonda pousará na superfície do satélite natural para recolher um pouco de pó a ser analisado pelos instrumentos presentes nesse aparelho, segundo a Isro.
Oportunidades de negócio
Em abril, a Índia colocou em órbita dez satélites a partir de um único foguete. Além disso, a Isro colabora com vários países, entre os quais Israel, em um projeto para lançar um telescópio ultravioleta dentro de um satélite indiano, dentro de um ano.
A Índia monta ainda um satélite meteorológico com a França, participa com o Japão de um projeto para melhorar o enfrentamento de desastres desde o espaço e desenvolve um lançador de foguete com grande capacidade de carga, que deve ser usado para transportar satélites mais pesados por volta de 2010.
"Quando comercializarmos esse lançador, teremos um bom negócio em nossas mãos", afirmou Narayan na terça-feira. A Isro espera faturar US$ 70 milhões ao ano só com os lançamentos.
Algo talvez notável em um país onde ainda há centenas de milhões de pessoas vivendo em uma situação de extrema pobreza e milhões de crianças subnutridas, o custo da missão à Lua não sofreu qualquer tipo de questionamento.
"As pessoas carecem das coisas mais básicas e precisam de mais atenção", disse Anil K.Verma, analista de política. "Mas acho que a pobreza tem mais relação com a corrupção e com a não-implementação de programas, de forma que temos dinheiro para esse tipo de projeto."
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