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Enquanto as autoridades da Índia tentam responder como 28 crianças de até 12 anos atendidas pelo maior programa de alimentação escolar do mundo morreram envenenadas nesta semana, e dezenas continuam a adoecer, relatórios antigos começam a ressurgir demonstrando que ao menos três avisos foram dados sobre as condições das escolas do programa, e de suas cozinhas.

Em 2010, um estudo da Comissão de Planejamento apontou para a péssima infraestrutura das cozinhas do estado de Bihar como um fator de risco para a segurança e a higiene alimentar das refeições. Já outro relatório feito no ano passado pelo Ministério de Recursos Humanos mostrou que menos de um quarto das 71.772 escolas do estado foram inspecionadas. Um outro estudo de 2010, "Escolas Disfuncionais de Bihar", da ONG britânica Action Aid, apontava a gravidade das condições nesse estado.

Num único colégio em Patna, Bihar, 27 crianças morreram na terça-feira contaminadas por pesticidas e outras dezenas continuam internadas. Na mesma província, 15 crianças ficaram doentes no distrito de Madhubani e uma morreu ontem em Gaya, a segunda maior cidade de Bihar. Em Dhule, na província de Maharashtra, 31 crianças foram hospitalizadas após almoçarem a comida do programa. Em Neyveli, um vilarejo em Tamil Nadu, 100 alunas foram hospitalizadas por infecção.

O relatório da Comissão de Planejamento sobre o programa de almoço diário para crianças felicitava o governo indiano pelo combate à fome, mas afirmava que as condições de preparo da comida eram problemáticas em algumas áreas. Bihar aparece com péssimas condições e um alto índice de rejeição das próprias crianças à comida, que a consideravam de péssima qualidade.

Autópsia confirma pesticidaEm Patna, as crianças começaram a adoecer imediatamente após consumirem a refeição de arroz, batata e curry. A superintendente de um hospital local, Amarkant Jha Amar, afirmou que é pouco provável que os sobreviventes venham a ter sequelas. Segundo ela, o resultado final da autópsia confirma a presença de inseticida. Amar disse que novos exames de laboratório seriam realizados para oferecer mais detalhes dos produtos químicos.

Na escola em Patna, as autoridades descobriram um recipiente com pesticida na área da cozinha, junto a óleos vegetais e de mostarda, mas ainda não se sabe qual deles estava contaminado nem se a ação foi proposital ou acidental. "Assim que as crianças chegaram sentimos o fedor dos organofosforados", disse Vinod Mishra, médico de outro hospital em Patna.

Os pais das crianças afirmaram que ingredientes como sal, óleo, lentilhas e arroz não eram armazenados na escola, mas na casa da diretora, que desapareceu com a família e é procurada pela polícia. A sala de aula não tinha janela nem cadeiras.

O governo da Índia afirmou, após uma forte revolta popular, que iria abrir um inquérito sobre a qualidade da comida oferecida nas escolas. Mas não responsabilizou nenhuma autoridade nem deu detalhes ou prazos sobre esse processo.

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